Pilot Season: The Good Doctor (ABC)

O texto que se segue NÃO CONTÉM SPOILERS

Baseada num produto televisivo sul-coreano, chega a série homónima desenvolvida por David Shore, mais conhecido por ter criado a aclamada “House”. A constante que correlaciona ambas as séries no seu currículo? Um protagonista bastante atípico.

Distribuída pela Sony Pictures Television, “The Good Doctor” chega a Portugal a 25 de Outubro por via AXN. No passado dia 19 de Setembro, o AXN esteve presente no Cinema Nimas para apresentar a sua nova temporada, dando-lhe um rótulo de “Pura Personalidade”. “The Good Doctor” faz parte da sua nova grelha de programação, exibindo uma personagem que se demarca com traços característicos vincados. O TVDependente teve oportunidade de espreitar o episódio-piloto.

No vazio da recém-terminada “Bates Motel”, Freddie Highmore rapidamente encontra novo protagonismo em “The Good Doctor”. Interpreta agora um jovem cirurgião autista diagnosticado com a síndrome do sábio. É mediante tamanhas peculiaridades que em tanto contrasta com as demais personagens em redor. Na senda do produto netflixiano “Atypical”, o autismo é trazido à tona como temática de isolamento social. Não somente visto como incapacitante, em “The Good Doctor” o distúrbio neurológico é o factor que eleva a personagem. Ainda que falhe na interacção com pacientes e respectivos familiares, Shaun Murphy é detentor de um cérebro com capacidades extraordinárias. Coloca cada factor na análise a uma situação, antecipa possíveis erros e desleixos tantas vezes derivados de piloto automático. Não deixa de ser estranho observar um franzino Freddie Highmore em contraste com os restantes médicos.

“The Good Doctor” comporta um ou outro artíficio que coloca a condição do protagonista em evidência no quadro visual. A linha branca que se estende continuamente no chão em frente à personagem, simbólica de um senso de ordem inerente ao autismo. Não tão bem conseguido é o desfilar de imagens em torno do protagonista. Dotado de uma memória fotográfica, Shaun visualiza cada página, cada artigo, cada frase devidamente estruturada. Um auxílio constante que força em demasia os laivos didácticos exibidos pela série. Na legendagem portuguesa acabam por ser ainda maior estorvo à experiência, com as linhas de tradução a evitarem as ditas imagens extra e a sobreporem-se aos olhos das personagens, acabando por retirar qualquer possibilidade de emoção do espectador em inúmeras cenas.

As restantes personagens giram em torno de Shaun (the Sheep), acabando por não receber caracterização significativa neste período embrionário. Os eventos no interior e exterior do hospital protagonista, decorridos em paralelo num timing por demais conveniente, forçam o arranque da base da série. Os flashbacks que nos remetem para a infância de Shaun aterram como que desadequados e até mesmo como manipuladores de emoções. Idas ao passado que são parcas como motivo para uma decisão que tanto envolve.

“The Good Doctor” chega a incluir nos seus próprios diálogos uma comparação entre mulheres, negros e autistas que, tão forçosamente, tenta espelhar uma certa evolução na linha da humanidade. As trocas de impressões não decorrem de forma natural, mas sim como representação sentimentalista.

“The Good Doctor” traz na sua primeira amostra uma certa sensação de preguiça em almejar um pouco mais. É produto “semanal” para meter o cérebro no frasco.

6 opiniões sobre “Pilot Season: The Good Doctor (ABC)”

    1. Pois bem sei do teu apego a “House” 🙂

      Experimenta, pode ser que gostes. A mim pareceu-me apoiar-se demasiado no facto de ter uma personagem “atípica” para se julgar singular e tornar-se preguiçosa com diálogos em certas alturas muito maus.

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  1. Vi. Gosto de séries com génios como personagens relevantes. Fascina-me. Talvez por estar muito longe das capacidades deles mas as séries com eles elementos sempre me cativaram. Daí querer espreitar este The Good Doctor. Não desgostei mas a personagem não cativou. Pode ser que com o tempo cative mas o primeiro contacto não foi o melhor.

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    1. Parece-me que a longo prazo a série se ficará somente pelo “quando é que ele irá falhar”? Concordo contigo, o protagonista deixa um pouco a desejar. O que não abona nada a favor da série, visto que o destaque dado às restantes personagens foi quase nulo. Ainda assim foi uma agradável surpresa ver aquela cara vinda de “Misfits”.

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