Pilot Season: Big Mouth (Netflix)

O texto que se segue NÃO CONTÉM SPOILERS

A presente década tem sido testemunha para o surgimento de séries televisivas capazes de calar qualquer espectador que reduza o campo de animação à insignificância. Para lá dos peidos dados na MacFarland, há produtos a reclamar a animação para adultos como via a histórias de teor mais sério. O destaque recai inevitavelmente nas magistrais “BoJack Horseman” e “Rick and Morty”, fusões ideais entre comédia e drama. A recém-chegada “Big Mouth” cedo exibe potencial. Ode às vítimas da puberdade.

É certamente um dos motivos mais relacionáveis para o espectador, linguagem “semelhante” em qualquer ponto do mundo. A mais conturbada fase no crescimento, altura da descoberta como constante diária. Fase da comparação entre aquele e o outro. Porque o pénis dele é maior que o meu. Porque as mamas dela são maiores que as minhas. Porque lhe começou a crescer o bigode e a mim ainda não. Porque lhe veio o período primeiro do que a mim. Competição silenciosa que desgasta e inferioriza, retirando qualquer vestígio de auto-estima. “Big Mouth” torna a fase das mil e uma questões num produto por demais hilariante.

A nova comédia do Netflix rescinde de todo e qualquer pudor que pudesse aligeirar a temática que lhe é cerne. Uma das vantagens desta se tratar de uma série de animação passa pela linguagem usada, que num produto de acção real correria o risco de ferir a susceptibilidade do elenco juvenil. Assim sendo, a puberdade vê-se aqui retratada em toda a sua glória. Sejamos sinceros, quem nunca teve uma erecção em plena sala de aula? Aquele momento inoportuno que fazia a mente viajar a mil em busca do antídoto que o fizesse esmorecer, fosse esse a imagem dos avós ou um qualquer momento musical de um filme da Disney.

Entra o grilo falante…perdão, pénis falante. Aqui imaginado como um qualquer monstro saído da mente de Maurice Sendak, actua como incentivo às privações éticas. Voz que alia o hilariante com o perturbador, pronta a ditar a masturbação que nem relógio suíço. Criatura simbólica dos desejos que não se viam proferidos em voz alta.

O público-alvo da série não passa por aqueles que vivem a puberdade em seu paralelo. “Big Mouth” tem na mira o espectador adulto, fazendo-o sorrir ao rever-se em situações universais.

Um pensamento em “Pilot Season: Big Mouth (Netflix)”

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