A hegemonia da Marvel Cinematic Universe no que toca ao cinema é, nos dias que correm, quase incontestável. Mas na televisão, o panorama tem sido outro. Desde a estreia da sua primeira série, tem havido alguns pontos altos, mas também alguns pontos baixos nestas séries. Onde se posiciona então “Inhumans”?
Infelizmente, do lado errado, pelo que deu para ver por esta fraca estreia.
Para uma história que, em tempos, foi das tramas mais importantes para o MCU, esta chegada da família real inumana ao ecrã foi muito atribulada. O que primeiro era para ser um filme para juntar à fase quatro do império cinematográfico da Marvel, foi sendo adiado indefinidamente, acabando por ser relegado para o pequeno ecrã. Não que isso fosse uma despromoção por si – como sabemos, estamos em plena época de ouro das séries de TV, que muitas vezes concorrem com o cinema não só nos actores e realizadores, nas também na complexidade das histórias abordadas. Não, passar “Inhumans” para a TV não foi o grande problema. O problema foi a forma como isso tudo foi feito, pegando numa trama que estava a ser bem desenvolvida há anos (desde a segunda temporada de “Agents of S.H.I.E.L.D.”), e tornando-a tão banal e forçada que quase chega a ser ridícula. As críticas foram quase unânimes desde as primeiras notícias de voltas e reviravoltas na trama e nos realizadores, desde as primeiras imagens que mostravam alguns efeitos especiais mais manhosos, desde a estreia no IMAX no início de setembro que apenas tornou mais óbvias as grandes fraquezas da série. E nós, por cá, somos obrigados a juntar-nos ao coro de desapontamento.
Na lua, os elusivos inumanos vivem num apertado sistema de castas, em que os que têm poderes têm direito a tudo, e os que são apenas comuns humanos são forçados a trabalhos de menor importância. No topo da cadeia, encontramos a família real inumana, composta pelo rei, Black Bolt, a sua rainha, Medusa, a irmã desta, Crystal, bem como Karnak e Gorgon. A estes junta-se Maximus, irmão do rei que, infelizmente, tem o azar de ser humano, e que não se conforma com o seu papel menor dentro da sociedade. Para Maximus, só há uma forma de conseguir subir na vida: acabar com a família real, e declarar-se a si próprio como rei, com o apoio de todos os outros pobres súbditos que nunca chegaram a ter poderes.
O facto de já termos visto variações desta história um pouco por todo o lado, não é, por si só, um ponto negativo para a série. Afinal, haverá algo de mais intemporal que pessoas que querem lutar contra as injustiças da sociedade e que recorrem à violência para o conseguir? Não, claro que não. O problema aqui não foi tanto a história, mas sim a forma como a mesma foi apresentada. Porque é que devemos apoiar a família real durante este golpe? Porque é que devemos ter pena deles e querer vê-los a derrotar Maximus se, no fundo, a família real e o sistema de castas são altamente injustos? E quem fala mal da história, fala também mal das personagens. Porque é que devemos sentir receio pelo ataque de Maximus, se mal conhecemos as personagens antes de se dar o golpe de estado? Porque é que Maximus é o mau, afinal, em vez de Black Bolt, que está a governar neste sistema injusto? E como é que podemos sentir alguma empatia com as personagens, quando os seus actores estão tão fraquinhos nos seus papéis? (Medusa e Crystal, estamos a falar de vocês!)
Com uma trama mal enjorcada, e actores fracos a interpretaram personagens descartáveis, sobravam apenas as “categorias técnicas” para ver se safavam o piloto. Mas, infelizmente, nem isso tivemos. Os efeitos especiais podem estar melhores do que no trailer, mas não deslumbram, especialmente numa época em que com poucos recursos se consegue fazer muito mais (Lockjaw é, infelizmente, mais uma pedrada no charco). E nem sequer vamos falar na coreografia de luta, que aí a coisa ainda é mais embaraçosa. Para quem nos deu Daredevil, para quem nos deu “Defenders”, raios – quem nos deu “Iron Fist” – as cenas de luta em “Inhumans” são absolutamente deprimentes.
Mas porque nem tudo foi péssimo, há que ser justos e falar também dos (poucos) pontos positivos. Anson Mount conseguiu ser um bom Black Bolt, um papel que, a nível de interpretação, acaba por ser dos mais complicados. Interpretar uma personagem que não fala, conseguir fazer passar os seus sentimentos apenas com a expressão do seu rosto, é um desafio muito difícil, mas que o actor conseguiu superar. Iwan Rheon, que já conhecemos de outras andanças, também mostra, mais uma vez, porque é tão bom vilão, mesmo com o fraco argumento com que teve de trabalhar. E o twist de passar a história para a Terra, forçando a família real a fugir e a viver, separadamente, por entre a “plebe”, acabou por funcionar bem, por afastar-nos daquela situação complicada de Attilan. Ainda assim, estes pontos positivos, não conseguem disfarçar que algo cheira mal no reino dos Inumanos…
Um episódio-piloto tem sempre uma tarefa muito inglória, de nos dar a conhecer a trama principal e apresentar as personagens, de forma a que queiramos seguir a sua história ao longo dos próximos tempos. “Inhumans”, infelizmente, não conseguiu fazê-lo da melhor forma, pelo que o veredicto final desta estreia é: uma grande perda de tempo. A Marvel podia (e devia) ter feito muito melhor. Para quem quiser confirmar (ou não) esta opinião, tem oportunidade de o fazer já este mês: “Inhumans” estreia em Portugal a 6 de outubro, no TV Séries.
Está lá a marinar para ver. É Marvel, tenho que ver, mas as críticas estão a ser tantas…
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Pois…
Por outro lado, são só 8 episódios, por isso não custa tanto. 😉
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O The Gifted também não deve ser melhor …
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Meus pobres X-Men… 😦
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Muito mauzinho este episódio. Concordo com tudo.
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