RC (25 Set-1 Out 17): Mushroom cloud, bitch!

Rick e Morty despedem-se da temporada com uma tentativa de selfie. Brady chega atrasado para jantar. O novo hóspede entra de tenda armada. Gretchen larga o microfone.

Mr. Mercedes: 1×08 – From the Ashes

O genérico inicial de “Mr. Mercedes” consegue, mediante toda a sua simplicidade, ser espelho à existência actual de Bill Hodges (Brendan Gleeson). Reformado de condição, a catapulta aos seus dias passa pela rotina como o loop que o move. Episódio após episódio, vão entrando em jogo ocasionais variâncias. O oitavo episódio abre com um acordar mais arrastado no tempo, fruto da perda de Janey (Mary-Louise Parker). “Mr. Mercedes” a conseguir contar imenso sem o recurso a palavras, pela quebra com a sequência de imagens que lhe vinha a ser constante.

“From the Ashes” é capítulo de mudança, funcionando quase como interlúdio. A morte chega à outra frente de guerra como contra-ataque ausente na intenção do detective. Morte essa que chega pela via mais previsível, esperada já desde o quinto episódio, mas que compensa na execução e no quanto conta sobre o estado mental de Brady (Harry Treadaway). Mãe e filho, cadáver e corpo ainda pulsante, deitados lado a lado num cenário que por pouco não resvalou para a necrofilia. Fascinante o momento em que Brady admite ter “traído” a mãe com uma outra rapariga.

Tanto Bill como Brady perderam o amor que lhes era ainda possível. Há guerra aberta a preencher os vindouros dois últimos episódios.

 

Rick and Morty: 3×10 – The Rickchurian Mortydate

Chegada ao fim, pode-se afirmar que “Rick and Morty” foi dona de uma das melhores temporadas de 2017. Se tal parece ser inegável, não deixa no entanto de se revelar menor no seu episódio de despedida. Por detrás da sua imaginação tresloucada, sente-se agora um certo reciclar de ideias. A postura de um “Deus” Rick contra todos, chega com um certo desgaste, ainda mais quando já havia sido elevada ao expoente máximo em “Pickle Rick”. Delírio visual, é certo, mas que serve o propósito único de realçar a personagem como o niilista-mor.

É o próprio Rick quem nos diz por inúmeras vezes que nada importa, todos eles não passam de meras variâncias. Como tal, as vivências pessoais pouco ou nada têm de único por entre as infindáveis realidades alternativas. Uma tomada de vista que sempre se assumiu como cerne à própria série, mas que gradualmente lhe aponta um círculo vicioso. Havendo uma certa despreocupação pela vida, tal não acaba por transparecer na dinâmica espectador-personagem? Tendo em conta a ideia de um infinito substituto, custa a estabelecer um laço mais profundo com qualquer personagem.

A ambiguidade na condição actual de Beth é exemplo disso mesmo, de um jogo com a empatia do espectador. Faz uso da máxima reductora concebida por Rick.

Apesar do deslize, nada rouba a “Rick and Morty” o título de uma das melhores séries da actualidade. Queiramos acreditar nas palavras de despedida de Mr. Poopybutthole. Um até já, demore o tempo que demorar.

 

Room 104: 1×10 – Red Tent

“Room 104” entrega o seu episódio mais político até à data. Resposta directa à vigilância num pós-11 de Setembro. Espelho da aura de pânico instaurada, da desconfiançaa no indivíduo do lado. “Red Tent” ronda a ameaça invisível que melhor caracteriza a presente década, não só nos Estados Unidos mas também no resto do mundo.

É quase inevitável encontrar-se uma analogia entre o político na mira e o muito real Donald Trump. Intenção de o erradicar, anular a sua influência desmesurada. “Red Tent” pisca o olho e equipara-o a Adolf Hitler.

Rescindir de um ideal quando se lhe é acrescido o peso da vida humana? A série dos Irmãos Duplass volta a jogar com a ambiguidade como meta que usa o espectador como parte activa da experiência. O desfecho é menor quando comparado com o jogo da indecisão que o precede. Como Alfred Hitchcock tão apaixonadamente proclamava, o suspense pode e deve ser maior em intensidade quando equiparado à tão efémera surpresa (bang!).

 

You’re the Worst: 4×05 – Fog of War, Bro

Gretchen (Aya Cash) é dona da última palavra pelo terceiro episódio consecutivo. Quão épico o seu “Mushroom cloud, bitch”? Impagável a reacção de Jimmy (Chris Geere).

Ainda que o motivo para a raiva de Gretchen se veja justificado, por quantos mais episódios irá durar esta sua sede de vingança? A não ser que algo o venha a quebrar o quanto antes, a equipa de argumentistas arrisca-se a incorrer no erro de tornar Gretchen na vilã por comparação directa a Jimmy. A cena final, na qual Jimmy fita a câmara com um olhar dormente, humaniza e desculpabiliza a personagem por comparação à resposta desmesurada (?) de Gretchen na cama que outrora partilharam. É evidente que a presente temporada seja ano de fissura entre ambas as personagens, mas tal não invalida a possibilidade destas se sentarem frente-a-frente para discutir o “elefante na sala”.

“You’re the Worst” sempre se mostrou como uma comédia idiota que ainda assim tentava ter lugar no verosímil. O instante-relâmpago em que Edgar se atira da varanda é tão cartoonish que parece saído de uma qualquer outra série. O quinto episódio exibe uma ou outra linha humorística que parecem deslocadas, forçadas na intenção e na entrega. Desmin Borges já demonstrou no passado conseguir agarrar o papel quando lhe é pedido que mude para um registo mais dramático. O problema do actor continua a residir na sua (inexistente) veia cómica, demonstrando que de versátil pouco ou nada tem.

3 opiniões sobre “RC (25 Set-1 Out 17): Mushroom cloud, bitch!”

  1. Esta temporada de You’re the Worst não me está a conquistar. Mas adorei a visita da banda e da reacção deles ao Jimmy. O final foi tão cruel… mas ao mesmo tempo, merecido.

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    1. Gostei imenso do episódio duplo que abriu a temporada, mas realmente depois daí tem vindo a perder-me a cada novo episódio. Tchi a banda, desde o início que nunca gostei da presença deles na série. Aliás, no geral todas as personagens secundárias nesta série me irritam.

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