Pilot Season: Young Sheldon (CBS)

O texto que se segue NÃO CONTÉM SPOILERS

Numa época que é denominada por muitos como a época de ouro da televisão, há infelizmente uma nódoa que se torna alastra cada vez mais e que ameaça o reinado: os spin-offs. Não é nenhuma novidade, como bem sabemos, mas a verdade é que, cada vez mais, parece que se acabam as ideias e que, quando se encontra uma fórmula que tem algum sucesso, há que pegar na galinha dos ovos de ouro e explorá-la ao máximo. Isso é exactamente o que acontece com “Young Sheldon”.

Será que o mundo precisava mesmo de um spin-off de “The Big Bang Theory”? A resposta é fácil: Não! Em primeiro lugar, porque a comédia da CBS, actualmente na sua décima temporada, já há algum tempo que parece estar em modo de piloto automático, fazendo algumas mudanças no status quo das personagens, mas sempre sem se esforçar muito para inovar. Em segundo lugar, porque a premissa da série é, desde logo, o pegar numa personagem já de si cansativa, e mostrar a sua infância, juntando o mau ao péssimo. Antes que chovam as críticas, há algo que convém confirmar: o Sheldon Cooper é, sem dúvida, uma personagem marcante e memorável. Mas, como temos visto ao longo da última década, o Sheldon por si só não faz a série, sendo necessária a ajuda das restantes personagens para contrabalançar as esquisitices e peculiaridades do cientista. O Sheldon vive num mundo à parte, e o Leonard, a Penny, o Howard e mesmo o Raj – todas personagens particulares, mas em menor escala – ajudam a estabelecer uma ponte para o mundo real. Ora, retirando as personagens mais “normais” do ecrã, e deixando no centro da história apenas o Sheldon, agora na sua versão criança, cria-se desde logo um problema para a série. Um problema que não parece de fácil resolução.

Para ser justos, há que apontar que o episódio-piloto foi bastante melhor do que o esperado tendo em conta a premissa. A escolha de Iain Armitage para o papel principal foi uma boa aposta, pois o jovem conseguiu mostrar alguns dos maneirismos que conhecemos da versão adulta, sem no entanto se perder em imitações baratas. As cenas que troca com a mãe também ajudaram a dar uma dimensão mais humana ao jovem Sheldon, o que é bastante importante. E, o melhor de tudo: como é uma comédia filmada apenas com uma câmara, não há laugh track, aquela gargalhada enfiada à pressão a ditar quando algo tem (ou não) piada. Mas, infelizmente, os elementos positivos ficam-se por aqui. A personagem do jovem Sheldon é, tal como o Sheldon adulto, irritante e cansativa. O cenário do Texas dos anos 1980 até podia ser interessante, mas com “Stranger Things”, “The Goldbergs”, “Halt and Catch Fire” e tantas outras actualmente em exibição, fica-se por mais uma repetição. E o elemento de diversão, de comédia, algo supostamente importante para uma sitcom, está aqui a faltar. Quantas vezes vamos conseguir rir do Sheldon a maltratar as pessoas à sua volta só porque não compreende a realidade? Quantos episódios disso vamos conseguir aturar? Bom, esperemos que não tantos quanto os de “The Big Bang Theory”. Ou, pelo menos, se chegarmos aí, que se consiga desenvolver um leque de personagens secundárias mais interessantes, para apoiar o jovem Sheldon na sua tentativa de perceber a humanidade. Quem sabe…

Um pensamento em “Pilot Season: Young Sheldon (CBS)”

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