Pilot Season: Ten Days in the Valley (ABC)

“Ten Days in the Valley”, uma das novas apostas da ABC para esta temporada, parece querer ser tudo ao mesmo tempo. É um thriller policial, é um vislumbre aos bastidores de Hollywood, é um drama familiar. São estes os ingredientes que resultam num cozinhado pré-preparado para micro-ondas quando na realidade precisava de ser preparado no forno.

É inegável: nem sempre um conjunto de boas ideias resultam numa composição consistente. A mais recente aposta da ABC para as noites de domingo é um bom exemplo disso. Apesar de um elenco de qualidade (Kyra Sedgwick, Erika Christensen, Adewale Akinnuoye-Agbaje, entre outros), tropeça na sua tentativa de ser diferente dentro do mais do mesmo. 

Há um típico caso de polícia e a consequente investigação (uma miúda é raptada). É o mais do mesmo. Mas em vez de se cingir à exploração do drama familiar inerente a tal situação, a série embarca pelos bastidores de Hollywood – a protagonista é uma das argumentistas de uma série policial que está a utilizar histórias reais nos seus guiões – de forma a querer demarcar-se pela diferença. Junte-se a isto ainda uma relação familiar convulsa, abusos de drogas e motivações “sombrias” e temos uma série a disparar para todos os lados em apenas 40 minutos.

Não é pela existência de múltiplos ângulos que fazem esta história sentir-se convulsa. Isso acontece por todos serem descarregados em cima do espectador num curto espaço de tempo. Pedia-se uma abordagem mais reflexiva.

Kyra Sedgwick, apesar de toda a sua qualidade, faz o que pode. Mas nem a multi-nomeada actriz de “The Closer” tem poderes para fazer de “Ten Days in the Valley” uma série quase esquecível (e a julgar pelas audiências, vai ser esquecida rapidamente).