Elliot tenta colocar um ponto final na vingança enquanto que a sua “divisão” com Mr.Robot escala a um ritmo vertiginoso e sem retorno, enquanto as duas personalidades combatem por controlo e poder.
Após duas temporadas onde o maior foco foi o estudo da mente de Elliot, a sua interacção com as pessoas próximas e o mundo que o rodeia, este inicio de temporada deixa, em boa hora, esses aspectos de lado e parte em bom ritmo rumo a algo parecido com um thriller mas sem nunca perder a sua essência.
Depois de ser baleado por Tyrell, Elliot acorda uma semana depois e depara-se com um cenário aterrador, todo o seu trabalho tinha sido em vão, o seu esforço em prol de um mundo melhor não resultou e o que surge daí é a dor e sofrimento, falta electricidade à vários dias e com isso surge a podridão e a quase ruína. Perceber que as suas acções causaram tudo aquilo pelas quais sempre lutou foi devastador, mas este ponto é também um catalisador para o personagem já que a partir deste momento o seu objectivo é só um, canalizando as suas forças em prol de um bem maior como nunca o fez e ver esta determinação é gratificante. O próximo passo não poderia ser outro senão tentar travar o que ele criou ao fechar a “backdoor” que dava acesso à Evil-Corp. Teria sido diferente para melhor se Elliot tivesse levado o plano até ao fim? Fica a questão.
Infelizmente para Elliot a única pessoa que está verdadeiramente a seu lado, tem muitas dúvidas quanto às suas motivações. Darlene apoia o irmão incondicionalmente, mas crê que ele é o mentor por detrás de tanto sofrimento e a paranóia assombra-lhe a mente ao ponto de a levar à exaustão. Será ela uma infiltrada do FBI? A questão ficou no ar, mas depois do final da segunda temporada parece quase uma certeza.
Angela que passou muito tempo sem saber qual era a sua posição no mundo, é agora alguém com um objectivo depois da sua conversa com WhiteRose. Juntou-se à causa da DarkArmy, trabalhando assim com Mr.Robot (onde consegue distinguir perfeitamente quem é quem através do delicioso pormenor do olhar) e um novo personagem, Irving, interpretado por Bobby Cannavale. Este homem misterioso transborda confiança, tem bastantes recursos como ficou provado na perseguição a que foi alvo e é amigo do próximo desde que as suas ideias não choquem. Para já esta foi uma boa adição ao elenco e Bobby tem aqui uma interpretação interessante.
A cena em que Elliot pede à amiga que o ajude na batalha contra Mr.Robot é excelente, sentimos compaixão por um homem que combate o seu problema com todas as forças que têm, para logo de seguida nos apercebermos de que lado se encontra Angela e o turbilhão de emoções pelas quais está a passar enquanto interpreta um duplo papel, e se existiam dúvidas quanto às suas motivações ela trata rapidamente de as esclarecer. O diálogo entre ela e WhiteRose no final da segunda temporada levantou a questão das viagens temporais e aqui o tema escala a outro nível quando refere ao amigo que podem reaver os pais, mais, o início do episódio onde vemos uma espécie de túnel deixa-nos seriamente a pensar sobre o assunto. Gostei da direcção dada a esta “nova” Angela, mais focada e decidida quanto ao futuro, veremos é se os seus ideais não vão chocar. A ser verdade não sei se me agrada desta direcção rumo ao sci-fi, mas estou muito curioso para saber o rumo da mesmo.
Angela: “Evil Corp killed my mom. And my whole life, I’ve always wanted justice for her death. But how do you bring justice to a conglomerate as untouchable as Evil Corp? I thought I would never win. Even after I found out about your crazy plan, I still didn’t believe it was possible. Not until I met Whiterose. It wasn’t until she opened my eyes that I could see how all of the damage that they’ve caused could finally be… undone. When we succeed, a whole new world will be born.”
“Mr.Robot” sempre nos habituou à crítica social e neste período pós Trump isso seria ainda mais inevitável onde Sam Esmail não faz questão de esconder um dos seus alvos. As duras palavras estão lá e o medo pelo futuro também, mas a crítica também se dirige a nós pela mão de Elliot, pois é cada nós quem decide o futuro, ele está nas nossas mãos e não podemos deixar que decidam o seu rumo como se fossemos ovelhas num rebanho. Um dos pontos altos do episódio foi a fotografia, com as ruas envoltas na escuridão a evidenciaram um ar sombrio fazendo lembrar uma cidade pós apocalíptica, mas o grande destaque vai para as cenas em casa de Angela, principalmente no diálogo entre ela e Mr. Robot. E o pormenor do botão do “mute”? Simplesmente delicioso e tão necessário na realidade.
Elliot: “What if instead of fighting back, we cave? Give away our privacy for security. Exchange dignity for safety. Trade in revolution for repression. What if we choose weakness over strength? They’ll even have us build our own prison. This is what they wanted all along, for us to buy in on our worst selves. And I just made it easier for them. I didn’t start a revolution. I just made us docile enough for their slaughtering.”
Finalmente comecei a ver a terceira temporada… Muito bom episódio. Gostei imenso do diálogo com a psicóloga, são sempre cenas muito boas. A cena da Ângela com o Mr. Robot é excelente a todos os níveis.
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