Agora que o segredo de Elliot é conhecido por todos, a sua mente é usada como arma pelos dois lados da barricada.
Darlene vive um momento de agonia em que cada segundo em que está entre os dois pólos é como ter uma agulha espetada, ou se recusa a continuar a trabalhar para o FBI e é presa algo que acabaria com a sua vida, ou trai a pessoa que mais a ama o que também fazia acabar com a sua vida. Por entre tantos dilemas e tanta dor ela pensa que o correcto é apanhar Tyrell mas sabe que ao fazer isso vai pagar um preço bastante elevado. O inquérito que faz a Dom é para tentar perceber se pode confiar nela, até porque esta é a única pessoa com quem pode falar abertamente de forma a não explodir. O detalhe da foto de família que deixou a Elliot é um poderoso pedido de desculpa. É gratificante perceber que a série não se apoia só no protagonista, que tem personagens secundários muitos interessantes ao qual lhes é dado tempo para se desenvolverem e um dos casos de maior evolução é mesmo Darlene, esta sua viagem tem sido muito boa, e agora que ela sabe que Angela e Mr.Robot trabalham juntos mal posso esperar para ver o seu próximo movimento.
Tyrell é também atravessado pela dor após descobrir o que Elliot fez, a raiva consome-o ao ponto de ainda não se mentalizar totalmente que é Mr.Robot quem trabalha consigo e não Elliot, para ele isto não faz sentido, “You as a person make no sense”, além disso ele percebe que não está no controlo da situação e que a sua posição é inferior ao que pensava, “We were supposed to be gods”.Esta falta de controlo sobre o seu futuro corroí-o, mas é esse mesmo fogo e a vontade de ver a família que o faz seguir em frente e cumprir com os prazos para a Fase 2. Pressinto que qual ele souber da morte de Joanna que esta sua raiva vá causar danos.
Angela tem lidado com a dor de forma diferente, vive com a traição porque se mentalizou que esta é em prol de um bem maior ao mesmo tempo que dá um sentido à sua vida. A sua sede de vingança ficou para trás e no seu lugar surgiu algo mais profundo trazido por Whiterose, mas essa sua meta ainda não lhe é completamente clara e isso fica patente quando questiona Irving. Apesar de ela afirmar a Elliot que não está a trair ninguém, isso é estar a enganar-se, é uma forma de justificar as suas acções mesmo sabendo que não são as correctas. Pedir a demissão de Elliot e droga-lo para que ele não interfira com Mr.Robot é um claro sinal da profunda mudança de personalidade que pode não ter retorno.
Elliot não foi alvo de muito destaque durante o episódio, mas existiu uma cena que foi provavelmente a melhor do episódio. Ouvir da irmã que Robot ainda se encontra presente é muito doloroso, é perceber que o enorme esforço para o “prender” não deu resultado, mas pior do que isso foi saber que ele magoou Darlene, e que segundo ela, não o voltará a fazer. Aí ele congela, aquilo porque sempre lutou aconteceu, mais do que se livrar de Robot, o que ele queria era que este não magoa-se ninguém e fez-lo à pessoa que ele mais amava e esse sentimento é aterrador, é perceber que o controlo voltou a ser algo do passado e que a partir deste ponto pode surgir uma nova espiral de sofrimento.
O desespero estampado no rosto quando diz à irmã que não foi ele que a magoou é de uma enorme carga dramática, e apesar de ela dizer que sabe isso não é suficiente e por isso pede-lhe desculpa por tudo, por a ter deixado de fora dos planos, por se ter distanciado e ambos acabam por fazer um pacto de fidelidade, tudo para que no final aquele abraço simbolize várias coisas e seja repleto de sentimentos, ele retrata o amor e a sintonia entre ambos mas nós tal como ela sabemos sobre a sua traição e presenciar isso é arrasador, é perceber que uma pessoa pode amar alguém e ao mesmo tempo ser capaz de uma traição, de que tudo não é tão linear como preto ou branco e isso faz destas personagens seres muito interessantes de acompanhar.
“m3tadata.par2” apesar de todas as suas enormes virtudes, voltou a não ser capaz de fazer avançar a narrativa de forma clara, se na semana passada isso aconteceu à custa do desenvolvimento de Tyrell e do preenchimento de espaços em branco, desta vez foi devido a Darlene e ao seu sofrimento. É bastante gratificante presenciar todo o desenvolvimento destas personagens e isso é fundamental para se contar uma boa história, mas com isso não significa que devemos descurar um ponto importante que é o avanço da história, e se na temporada passada isso notou-se um pouco, nesta começo a ter algum receio que isso seja mais acentuado.