Programa já com uma longa idade (iniciou a sua caminhada em 1975), só há cerca de 5 anos comecei a prestar mais atenção ao seu humor.
Numa temporada longa há sempre espaço para episódios menos conseguidos, piadas que não funcionam ou convidados que pouco trazem para além da evidente publicidade, mas depois há tudo o resto (e que suplanta em larga escala o negativo). E desde que Donald Trump entrou na corrida presidencial (e, para bem do programa, ganhou-a), que o mesmo ganhou uma maior actualidade.
Quem segue minimamente a política norte-americana sabe que todos os dias o manancial de situações caricatas que a mesma oferece, é um presente bem doce para os mais variados programas (chega até a ser complicado encaixar tudo). E SNL tem sabido aproveitar esta onda de amadorismo e estupidez política. A temporada passada trouxe mesmo um aumento de audiências e uma óbvia maior visibilidade nas plataformas digitais. Se antes o programa era pertinente e engraçado, agora é essencial na semana televisiva.
A maior visibilidade começou quando Alec Baldwin personificou Trump. Este foi o toque de partida para o que tem sido uma espera semanal pelos sketches mordazes de SNL. A partir daí (e com o evidente sucesso) a paleta de personagens relacionadas com a Casa Branca cresceu e estas tornaram-se figuras presentes. Ainda no passado sábado (Larry David foi o convidado) se viu isso de novo. E por mais repetições de visitas, há sempre histórias hilariantes para escrutinar.
Não deixa de ser curioso que após tantos anos (alguns até em que o programa mais parecia um corpo estranho na televisão actual) SNL esteja mais actual que nunca e beneficie do facto de um presidente (que pensa dominar todo e qualquer fluxo de informação a seu favor) muito “digital” entregar todas as armas para os argumentistas fazerem o seu papel (a realidade há muito tempo que ultrapassou a mais cómica das suas ideias). SNL dá-nos semanalmente a necessária sanidade. Vale a pena espreitar.