Crónicas (T3): Weinsteingate

A crónica desta semana é mais um espaço para discussão do que propriamente uma reflexão pessoal. Acima de tudo tenho curiosidade em saber até que ponto o que se passa no mundo “real” afecta a vossa percepção da pessoa e o impacto que as suas acções têm na forma de verem determinada série.

As revelações mais recentes sobre Ed Westwick, Louis CK e Kevin Spacey são provavelmente os que automaticamente nos lembramos no mundo da televisão. Os três casos estão relacionados com acusações de assédio sexual e as consequências já se fizeram sentir: a BBC pausou o novo drama de Agatha Christie “Ordeal by Innocence”, a FX cancelou o acordo com o comediante e a Netflix suspendeu a produção de “House of Cards”.

No entanto este tipo de questões não são novidade, bastando pensar que Shonda Rhimes já despediu dois dos seus actores (Isaiah Washington e Columbus Short) das suas séries, um por ter insultado um colega e outro pelo seu abuso de cocaína/álcool e ameaças à mulher. Os casos de violência física de Thomas Gibson também resultaram em despedimento de “Criminal Minds” já para não falar nos conhecidos casos de Jeremy Clarkson e Charlie Sheen, ambos despedidos depois de conflictos nas suas respectivas séries.

Nos dias que correm o espectador é apanhado em todo este drama, acompanhando de forma quase diária as consequências que se fazem sentir no seu dia-a-dia televisivo. No entanto, para além dos efeitos directos será que proactivamente ou involuntariamente mudamos os nossos hábitos pelas revelações sobre determinada pessoa? Pessoalmente, por exemplo, não deixei de ver Grand Tour porque Clarkson foi despedido da BBC, talvez por não ser uma novidade o seu temperamento algo volátil. Fará sentido “boicotar” determinada série pelas acções de apenas um indivíduo como aconteceu no caso de “House of Cards”?

A cada dia que passa, com novas revelações que vão surgindo, parece que são poucos os “inocentes” no meio de todo este processo. Embora não seja novidade que este tipo de comportamentos acontece em Hollywood (nós sabemos e nunca estivemos lá) continua a ser uma triste surpresa ver pessoas como Mark Schwahn que criou uma série sobre temas sensíveis da vida adolescente/adulta ser acusado pela maioria do elenco e staff da sua série. O impacto que esta e outras séries/filmes poderiam ter diminui mas felizmente os exemplos e testemunhos reais são cada vez mais fortes ao ponto talvez de criar uma mudança real e não apenas uma bonita história que não sai do ecrã.

 

2 opiniões sobre “Crónicas (T3): Weinsteingate”

  1. Primeiro um breve comentário sobre tudo isto: há que separar o trigo do joio e acho que se está a chegar a um ponto em que um homem olhar para uma mulher está a incorrer em assédio. Está-se a entrar num exagero absurdo que vai acabar mal. Uma coisa são galifões, gajos que tentam sacar todo rabo de saia que se mexe outra coisa são gajos que usam o seu poder/influência para obrigar alguém a deitar-se com eles, o célebre “queres o papel? poe-te de joelhos”.
    Acho que as duas situações são muito distintas.
    Obviamente que no primeiro caso, quando se trata de menores, a coisa muda de figura mas a lei existe para estes casos. Vi um excerto do podcast do Joe Rogen em que ele e uma gaja qqr falavam sobre o caso Weinstein e a moça abordou aquilo com um pragmatismo brutal. Não vou entrar em pormenores pq não sei até que ponto a mnãoalta do TVD tem “cabedal” para esta discussão sem barreiras e não vale a pena chocar alguém.

    Segundo, sobre a pergunta do post. Sinceramente acho que não. Não deixo de achar o Spacey um grande actor nem que está a fazer um papelão em House of Cards. Boicotar séries por estes problemas seria não ver practicamente nada na TV/Cinema. Posso mudar de opinião sobre o que penso da pessoa como pessoa, naturalmente, como actor e em relação aos seus trabalhos, não.

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    1. Sim, acho que é necessário fazer alguma distinção e não sei se agora não há também pessoas a aproveitar-se disto ser tema para acusar outros só para tentar lucrar. Mas não deixa de ser importante abrir os olhos nestes casos flagrantes que simplesmente nos dias que correm não podem continuar a acontecer.

      Em relação ao “boicote” penso acima de tudo que não é por uma pessoa que se vai dar cabo do emprego a todo um conjunto de pessoas que estão a depender desse filme/série para ter trabalho.

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