Guerra aberta em “Shameless” e “Peaky Blinders”. Os Gallagher unem esforços. Os Shelby reúnem balas…com a ajuda do dedo mindinho.
Peaky Blinders: 4×02 – Heathens
Com apenas dois episódios exibidos, a quarta temporada de “Peaky Blinders” já demonstra poder vir a sentar-se confortavelmente à mesa com as melhores produções televisivas de 2017. Que dizer da pequena grande maravilha que foi o encontro entre Tommy Shelby (Cillian Murphy) e Luca Changretta (Adrien Brody)? Ambas as frentes de guerra com uma presença de enorme peso, ao nível do contracenar entre Tommy e a personagem interpretada por Tom Hardy. Soberba a troca de palavras que ali se dá. Luca dispõe as balas uma a uma, derrubando aquela que ceifou a primeira vítima no campo dos Shelby. Fá-la rolar pela longa mesa até alcançar Tommy, finalizando o gesto com um diabólico “Spent”. Cada cena alvo a ser revista uma e outra vez, tamanha a mestria na sua concepção.
À superfície, “Peaky Blinders” pode apresentar-se com carapaça dura, mas nem por isso deixa de exibir a sensibilidade quando assim lhe é provocada. O luto foi gerido mediante os traços de carácter de cada qual, com Tommy a manter uma postura inabalável defronte à perda. Não lhe é estranho, apenas mais um degrau na confirmação de que ele próprio se encontra morto por dentro. É nos raros momentos que compartilha com o filho, que se vislumbram as suas (re)acções mais emotivas.
“Peaky Blinders” dispõe as cinco balas remanescentes como promessa daquilo que se aproxima. A manter-se o elevadíssimo nível de qualidade, e a presente temporada pode muito bem vir a demarcar-se como a melhor da série até à data.
Shameless: 8×03 – God Bless Her Rotting Soul
Oito temporadas depois, eis que “Shameless” abre portas ao endocruzamento. Sim, a série ainda demonstra ser aquela que traz à tona qualquer tema tabu sem exibir a mínima intenção de pudor. Desde a linguagem nunca aligeirada à sua forte componente sexual, “Shameless” seria um bicho completamente diferente se tendo origem num canal em sinal aberto. Felizmente tem liberdade para existir tal como é. O cadáver de Monica que o diga, violentado pela irreverência dos Gallagher, qual castigo dos seus feitos em vida. Já o havia previsto na crítica ao primeiro episódio, mas julgava-o mais tardio na temporada. Uma excelente cena que poderia muito bem servir como bandeira à série, dado o humor negro usado na dose certa. Quando reunidos, a forma como cada uma destas personagens preenche o espaço é de louvar. A química sempre presente que lhes eleva a dinâmica para lá da falsidade da representação. Juntam-se todos os membros da família Gallagher no mesmo espaço (talvez possam deixar o Liam com alguém numa próxima vez?) e o resultado é logo mais evidente na qualidade, nostálgico de uma outra fase da série. Por mais díspares que se encontrem nas últimas temporadas, é inegável a química que as personagens deixam transparecer quando lhes é pedido que contracenem uns com os outros.
É ainda cedo para apontar o dedo a três meros episódios em crescendo de qualidade, mas parece haver na presente temporada a vontade de uma progressão narrativa acelerada que em nada a prejudica. Ainda que temporárias, há resoluções para alguns arcos narrativos levantados na estreia. Debbie leva com os pés. Svetlana rapidamente sai da prisão, sob um novo acordo que deixa de a ter como corpo integrante do ménage. Kevin descobre a família.
Kev: They’re inbred. What if they try to eat us?
V: I think that’s cannibals.
As personagens em “Shameless” crescem, aprendem, avançam. Não todas, é certo, e nunca esquecendo o ciclo de velhos hábitos nos quais resvalam uma e outra vez. Mas é bom testemunhar que o núcleo que melhor as caracteriza continua presente e pronto a despertar quando provocado.
So I’ve been trying to be nice. Been trying to be mature. Trying to rise above my station in life. But if you wanna go ghetto on me I will beat you at that game every fucking time.
A resposta de Fiona espelha a aura de “tentativa” que tem vindo a ser directriz às mais recentes temporadas de “Shameless”. Essa vontade demonstrada no desprender do passado, continuamente testada por pessoas e/ou situações que os fazem descer de patamar.
Fiona a pôr no lugar a barbie. Já era sem tempo. Cheira tanto a que Fiona e a amiga se vão envolver. Será cliché mas estejam à vontade. 🙂
A cena do caixão foi muito boa.
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Uma Svetlana 2.0, mas sem qualquer estofo para isso.
Sim também me parece, ando desde o primeiro encontro entre elas a pensar nisso lol
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