Todos os adolescentes, a certa altura da vida, juraram a pés juntos que os pais eram terríveis vilões. Mas… e se isso fosse verdade? Esta é a premissa de “Runaways”, uma das melhores séries que passou pela Marvel na última década. Criada por Brian K. Vaughan (“Y: The Last Man”, “Saga”), “Runaways” conta-nos a história de seis adolescentes que, um dia, descobrem que os pais pertencem a um grupo de vilões que dominam com pulso de ferro toda a Califórnia. Assustados com esta revelação, o grupo de amigos improvável constituído por Gert, Nico, Alex, Chase, Karolina e Molly resolve fugir de casa e dedicar-se a libertar a região das garras do mal – os seus pais.
Três anos depois desta primeira abordagem a uma das melhores sagas que a Marvel já nos apresentou, eis que finalmente os nossos desejos são correspondidos e temos a oportunidade de ver algumas das nossas personagens favoritas em versão real. Só que, tal como acontece muitas vezes na realidade, as expectativas são defraudadas e o que sobra é um amargo sabor à desilusão.
As críticas à nova aposta do Hulu e da Marvel têm sido bastante positivas. No entanto, do lado de cá, e tendo em conta apenas o primeiro episódio, a única coisa que apetece dizer é… “meh”.
Em “Reunion”, vamos sendo apresentados, de forma lenta – muito lenta até – aos seis jovens protagonistas, que representam todos os estereótipos mais básicos das típicas séries americanas de adolescentes. Temos assim uma primeira impressão do desportista que tem um pai intransigente, da menina bonita e ingénua que vive no seio de um culto estranho, da misteriosa gótica com problemas familiares, da ativista geek a quem ninguém liga, do nerd dos videojogos que tem saudades do passado e da miúda que perdeu os pais e que está a passar por mudanças. Em tempos grandes amigos, os seis afastaram-se devido a um misterioso evento do qual apenas temos alguns vislumbres, seguindo caminhos totalmente opostos. Isto é, até ao dia em que Alex decide que está farto de estar sozinho e envia a fatídica mensagem que vai mudar o rumo da vida destes jovens, e dos seus pais.
Relendo as palavras acima descritas, pode parecer que esta crítica está a ser demasiado injusta, pois também a história que dá origem à série foca personagens de diversas cliques que lidam com os típicos problemas da adolescência. A questão é que ficar a conhecer, em algumas páginas, as diferentes personagens, é muito mais fácil do que passar quase uma hora a ter vislumbres do mundo adolescente tão batido em que os seis vivem. “Reunion” é um episódio demasiado lento, apostando em focar mais a vida que os jovens vivem actualmente, do que em avançar para o que é a verdadeira premissa: a descoberta do segredo dos pais e a reacção a essa descoberta. E quando finalmente depois de muito penar, finalmente se chega a esse momento, é deveras irritante ver que não houve coragem de o dignificar, terminando, abruptamente, a história e deixando-nos em suspenso para o que vem a seguir. Talvez devido a esta estrutura o Hulu tenha decidido lançar três episódios de uma só vez, mas ainda assim, o problema mantém-se. Se não consegue captar-nos o interesse desde o primeiro momento, será que quereremos voltar para mais?
A resposta, neste caso, acaba por ser sim. Não porque o primeiro contacto com a série tenha sido bom, mas porque, sabendo as voltas que a série vai dar e as surpresas que ainda vamos ter, vale a pena dar-lhe o benefício da dúvida e ver se consegue melhorar, se consegue ser tão cativante e inteligente como a saga que lhe deu origem. Caso isso não aconteça… bom, resta-nos ler (ou reler) a BD original.
Não conheço mas vou dar uma vista de olhos.
GostarGostar