RC (3-9 Dez 17): Os sem-vergonha na igreja

“Shameless” e o primeiro confronto entre irmãos da temporada. Duas mulheres entram num bar em “Peaky Blinders”.

Peaky Blinders: 4×04 – Dangerous

O cano da arma encostado à testa. Gatilho pressionado. Michael (Finn Cole) volta a escapar à morte. Por mais tenso que venha a ser o ritmo da presente temporada, não chega a instalar-se no espectador o receio de qualquer uma destas personagens poder vir a ser a próxima vítima. “Peaky Blinders” não enquadra um leque vasto de peões secundários que possam servir como carne para canhão. Depois de John Shelby, escolha segura que abala o seio familiar mas que não perturba o espectador por se tratar de uma personagem pouco utilizada no decorrer da série, poucos se lhe poderão seguir na queda. Talvez se venham a livrar de Finn (Harry Kirton), gradualmente caracterizado como a outra face dos Shelby, ou até mesmo de Ada (Sophie Rundle). A verdade é que seria preciso um par de cojones extra para se desfazerem de personagens preponderantes como Tommy, Arthur ou Polly. A temporada encontra-se construída sob tamanha promessa. Não o entregar seria não menos que agridoce, num misto de alívio e desilusão.

Nothing seems to change you.

Adjectivado como imutável, Tommy carrega às costas a dor da perda. Para lá da dura carapaça que transparece poder e dinheiro, e que a todos tolda a vista, Tommy tem ainda muito a perder. Vê-lo correr em auxílio de Michael não é mais que mera confirmação.

A dois episódios do fim, “Peaky Blinders” continua a demarcar-se na concepção imagética.

 

Shameless: 8×05 – The (Mis)Education of Liam Fergus Beircheart Gallagher

“Shameless” incorre no mesmo ao trazer de volta o primeiro amor de Debbie (Emma Kenney). Chega como provação a uma Debbie cada vez mais confiante em si mesma, conveniente a uma narrativa que se propõe continuamente a cair nos velhos hábitos. Vira-lhe costas e reclama a sua emancipação como filha, mãe e mulher. Esquecível e sem ter chegado a atingir o estatuto de “personagem”, este regressado é ainda assim novo acrescento à estrutura da qual “Shameless” não parece querer livrar-se tão cedo. Agora que Lip (Jeremy Allen White) pondera constituir família, poderá Mandy (Emma Greenwell) ser a próxima a marcar presença? Breves aparições em catadupa que se gerem de forma pouco orgânica na progressão narrativa.

Find another fucking church.

Ao quinto episódio chega o primeiro confronto entre irmãos da temporada. Ainda que bastante previsível desde o início do episódio, o choque que encerra o episódio chega como lufada de ar fresco, em grande parte por se tratarem de duas personagens que pouco interagem entre si. Dois pontos de vista contrários com um só desfecho. Semente para uma iminente recaída de Ian (Cameron Monaghan)?

Agora que se vê alvo a um nível de educação sem precedentes no historial Gallagher, Liam 2.0 é cada vez mais uma personagem por si só. Bendita mudança no actor que lhe dá vida. Haja ainda esperança para algum Gallagher. A metamorfose de Frank (William H. Macy) aquando da perda do grande amor, é passo lógico e tem vindo a entregar bons momentos na interacção com os demais. Tratando-se de “Shameless” e em especial de Frank, paira sempre a interrogação: até quando? A seu tempo, será Liam a sofrer a decepção maior.

Da hora russa à hora de Kentucky, pouco mudou na dinâmica que interliga as três personagens. Uma estadia na prisão que em nada acrescentou à narrativa, sendo não menos que mero engodo a um trio de personagens bastante desgastado e sem nada de novo a oferecer. Um círculo vicioso que chafurda no ridículo.

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