Em tempos, uma viagem ao espaço pode até ter parecido excitante para esta equipa. Mas quando essa viagem inclui um salto até um futuro distópico onde o que resta da humanidade é explorada e obrigada a lutar em combates até à morte para satisfazer os desejos de extraterrestes com péssimo sentido de estilo, o que é que isso significa? Que estamos no filme “Thor: Ragnarok”?
Bom, na verdade não porque, combates à parte, ao menos Sakaar é mais interessante do que esta estação, e o Grandmaster é, sem dúvida, uma personagem bem mais interessante do que Kasius. Mas ainda assim, parece quase impossível ver o episódio e não pensar no divertido terceiro tomo da história de Thor, que estreou há uns meses e que deu mais um impulso às explorações intergaláticas do MCU. Claro que aqui estamos numa situação diferente: enquanto “Ragnarok” se passa no presente, os agentes da S.H.I.E.L.D. estão agora no futuro, sem saberem muito bem como voltar a casa, mas as coincidências são mais do que muitas: aquela cena do combate, em que vemos Kasius e companhia a assistir à luta, lembra tanto uma das cenas do filme do deus do trovão, que não parece ser coincidência. Pena é que este episódio não tenha estado à altura do filme, especialmente a nível do ambiente descontraído aí gerado.
Compreende-se, claro. Depois da terrível revelação, há que lidar com a nova realidade: Phil e companhia estão perdidos no futuro, sem qualquer esperança de voltar para casa, para junto dos que mais amam. Como reagir a uma situação destas? Desistindo? Aceitando o destino traçado e tentando viver da melhor forma possível? Esta é uma questão que se põe, a certo ponto do episódio. Mas, felizmente, e tal como vimos no final da temporada anterior, esta equipa não é de desistir e irá, por isso, de tudo fazer para conseguir descobrir o que verdadeiramente aconteceu e, se possível, voltar a casa. E ainda bem que ninguém desistiu porque, como descobrimos no final do episódio, pode haver ainda alguma réstia de esperança, com a chegada daquela transmissão da Terra. Haverá ainda gente a viver na Terra? E terão eles a explicação de como a equipa foi parar ao espaço? Questões em aberto que, esperamos, sejam respondidas em breve.
Enquanto Phil e May reflectem sobre a situação em que se encontram, há quem não aceite a suposta culpa em toda esta história e decida investigar o que realmente aconteceu, como acontece com Daisy. Honestamente, também me parece estranho estarem a culpar a Quake pelo que aconteceu porque uma coisa é ela ser poderosa, mas outra muito diferente é ela ter o poder de destruir um planeta. A Quake é poderosa, sim, mas não é nenhuma Phoenix nem nenhum Galactus! Palpita-me que vamos descobrir, em breve, que afinal a Quake não tem nada a ver com isto. Mas até lá, infelizmente para a jovem, ainda vai ter de penar, especialmente agora que Zeke a traiu e revelou a Kasius a existência de mais uma competidora para aqueles jogos de morte marados. O que irá Kasius fazer agora que descobriu mais uma inumana poderosa na estação? Será que vai ficar mais intrigado com ela do que ficou com Jemma? Convinha, porque a verdade é que algo está, aqui, muito mal explicado.
Portanto, no episódio anterior, Kasius ficou fascinado por Jemma, que tem conhecimentos médicos (e um palminho de cara), e resolveu adoptá-la (assim como quem adopta um animal de estimação. Então e não achou estranho ter ali, de repente, alguém que nunca viu? Que tem conhecimentos que os restantes humanos não têm? Que parece tão deslocada? A sério que não? Desculpem, mas isto não faz qualquer sentido. E muito menos o faz dar a Jemma a oportunidade de treinar uma jovem inumana para o combate, sem saber se, para além de conhecimentos médicos, a Jemma também faz uma perninha como psicóloga / treinadora de inumanos. Sim, as cenas da Jemma com a miúda até foram interessantes, e o combate em si foi bem mais duro do que estava à espera para uma série na ABC, mas há qualquer coisa nesta história que não está a encaixar bem. Esperemos que nos próximos episódios isto fico um pouco mais claro, e que as intenções de Kasius façam mais sentido.
Antes da despedida, algumas notas finais:
- A menção do multiverse foi bastante interessante, confirmando algo que já sabíamos, mas agora com uma menção directa. A transmissão está a chegar de 616, que para a Marvel é o universo oficial da banda desenhada. O Marvel Cinematic Universe é, pelo contrário, o universo 19999. A primeira menção já tinha surgido em “Doctor Strange”, mas aqui tornou-se mais explícito, e pode ajudar a explicar esta subida viagem dos agentes da S.H.I.E.L.D. até ao futuro. E se, em vez de viagens no tempo, tivermos aqui viagens entre universos? Pode ser bastante interessante, especialmente numa época de grandes mudanças na Casa das Ideias.
- Por falar em personagens da FOX, e os inumanos? O que vai acontecer agora? A Disney acabou de comprar a FOX. Poderão as personagens que ainda estavam com a FOX vir a passar para o MCU? Todos sabemos que o MCU pegou nos inumanos porque não podia usar os mutantes, pois tinha vendido esses direitos. Mas agora que o negócio do ano aconteceu, e que já não há impedimento nenhum, irá a Marvel decidir deixar os inumanos de lado? Já se especula isso há algum tempo, e de facto até “Agents of S.H.I.E.L.D.” parece estar a dar menos ênfase a estas personagens. Com a questão de universos alternativos na mesa, iremos ter uma substituição dos inumanos pelos mutantes a curto-médio prazo? Algo a considerar.