“Metalhead” é daqueles episódios em que uma cena a mais faz toda a diferença.
Num futuro pós-apocalíptico, onde uma espécie de cão-robô assassino (a inspiração para a criatura já foi revelada, mas a mim só me faz lembrar os aracnídeos do “Starship Troopers”, de Paul Verhoeven) caça uma humana, conta basicamente tudo o que há para contar sobre “Metalhead”. Uma história simples, onde o contexto é deixado quase na totalidade à imaginação de cada um, o que, para quem é adepto deste tipo de storytelling, como eu, é divinal. A subjectividade deve ser encarada como uma virtude, um convite à interpretação, uma porta para a participação. Deixa-se de ser um simples receptor, inerte e alimentado com todos os pormenores, para se tornar um participante activo na descoberta.
Só por este ingrediente já “Metalhead” ganha pontos. Junte-se então a opção pelo monocromático, que lhe potencia a angústia e o desespero, e a banda-sonora que exaspera esses sentimentos a lembrar clássicos do género. Resta ainda a visão de David Slade, “velho amigo” de todos os fãs de “Hannibal”, com uma abordagem vertiginosa e a receita está completa.
Tudo bom, tudo óptimo. Quarenta minutos de êxtase… até, chegados os segundos finais, decidirem preencher o contexto. Há grandes thrillers completamente destroçados por um fraco final. Este é um deles, onde o convite à imaginação parece ter sido revogado. A cena, aquele plano final dos ursos de peluche, destrói todo o propósito. A “minha” história, aquela que construí ao longo da quase totalidade do episódio, deixa de existir. É descartada. Traz um aviso de que a história nunca fora minha. E isso sente-se como uma machadada, um desprezo, uma desconsideração.
Honestamente, este episódio não me disse nada. Achei fraquito.
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