A quantidade de séries de qualidade que estreia semanalmente, impede qualquer ser humano normal de acompanhar tudo aquilo que se vai fazendo. No meu caso procuro acompanhar duas ou três de “fundo” e algumas sitcoms avulso para relaxar.
Como consequência, vou deixando várias para trás. Só assim se explica que nunca tenha visto algo como “Black Mirror”. Ou de “Stranger Things”, não tenha acabado a primeira temporada sem motivo algum a não ser o do prazer de poder fazer uma maratona (recentemente concluído). Ou, por motivos diferentes, quando soube que a 3ª temporada de “Penny Dreadful” seria a última, ter-me recusado a vê-la, decisão que mantenho até hoje.
No entanto, nas séries que começo a acompanhar, estou cada vez mais esquisito e vou desistindo delas. Por vezes, acabo por regressar por motivos dúbios.
Não há nada como ter a obrigação de acompanhar uma série da qual não retiramos prazer algum. Ou ler um livro. Ou ter uma conversa. Ou ver um filme. É um calvário. Pior – mas com resultados idênticos – será o de acompanhar uma série do qual começámos por gostar muito, que nos entusiasmou, mas que, com o tempo, perde fulgor, mediocriza, se torna desinteressante. Nessa altura deveremos tomar a atitude correcta de desistir. A vida é curta, o tempo precioso e nestes tempos há tanta oferta interessante e de qualidade… E nenhum de nós é mártir ou aspira à santidade.
Nos últimos anos, a que mais me desiludiu foi “Outlander”. Comecei por gostar, mas rapidamente caiu em tiques desnecessários e desiludiu, sendo-me visceralmente impossível de a acompanhar. E, perto do meio da segunda temporada, lá a deixei cair.
Outra foi “The 100” que a quatro episódios do fim da última temporada a deixei cair.
Só que neste último caso aconteceu algo estranho que mostra como o cérebro tem caminhos misteriosos: a Coreia do Norte lança mais um míssil e pela enésima vez o mundo fala de um apocalipse nuclear. E não é que se dá um clique cerebral, uma cadeia de sinapses que provoca um conjunto de associações género “míssil nuclear – apocalipse – vida na Terra – fugir para o espaço – colonizar outros planetas – regressar à Terra – “The 100” – ora deixa ver como é que aquilo está!”. E lá regressei. Veredicto: nada de especial, mas assim mais afastado e no reino da intermitência nem é tão mau quanto isso.
Outra – que sei ser uma blasfémia – foi com “Game of Thrones”, no qual, na 5ª temporada (auto)impus um hiato de nove meses, julgo que no sexto episódio. Motivo: a internet estava histérica com a cena de violação de uma das personagens principais que casara com um sádico. E eu disse para mim mesmo: “ok, isto é bater no fundo, é a ditadura das audiências. É chocar por chocar. Não me apetece mais”. E pouco depois houve a morte daquele que deixou de morrer e mais acentuei a convicção e a decisão.
Mas o tempo passou. E como é normal nestas coisas tudo ganha a dimensão que deve ter. E com o episódio daquele que regressa, na temporada seguinte, lá me abalanço a retomar o fio à meada e a deixar-me levar nas liberdades criativas.
Pode ser que um dia aconteça o mesmo com “Outlander”. Só que, diz-me o instinto, deverá ser um processo diferente. Provavelmente seduzido por alguém que goste da série (ou mais propriamente da colecção dos livros) e, com intenções que fazem parte do jogo do conhecimento, me leve a procurar pontos de contacto comuns, lendo à pressa daqueles sites de fãs género wiki-Outlander.
Agora que penso nisso: nunca, mas nunca em caso algum, ou sob qualquer pretexto, referir no contexto sedutor-Outlander, a sigla, BSG três letras mágicas para fãs de ficção científica que ou muito me engano ou terão o condão oposto daquele que se pretende.
Já pensei várias vezes deixar algumas séries pelo caminho mas, até ao dia de hoje, apenas Fear The Walking Dead (nem sei porque comecei), e American Horror Story ficaram pelo caminho 😬 A segunda ainda devo dar uma nova oportunidade, mas a primeira muito dificilmente, até porque a série mãe (TWD) já esteve várias vezes para ser abandonada…
Percebo o que dizes sobre The 100, também cheguei ao ponto de quase abandonar, mas aguentei. É daquelas séries que alterna frequentemente entre o muito bom e o ridículo…
Penny Dreadful tens que ver! Apesar de ligeiramente apressado, tens uma última temporada muito boa. É uma das séries que mais saudades me deixa, até porque tinha ainda tanto para dar…
Também costumo suspender a visualização de algumas temporadas em exibição, para depois ver em maratona (a terceira temporada de Mr. Robot será a próxima a ver em maratona). Com Supernatural já o faço há anos (outra série que às vezes pergunto se vale a pena continuar a acompanhar)…
No meu caso,a empatia criada com determinadas personagens é tão grande, que são elas que me fazem continuar, mesmo sabendo de antemão que a série já não tem grande coisa para dar…
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quanto a “The 100”, regresse para acabar, mas é penoso, muito penoso de tão mau que tem sido. “Supernatural” só vejo de forma avulsa sem continuidade e quando calha de forma involuntária.
“Penny Dreadful”, talvez qualquer dia…
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Concordo, a terceira de Penny Dreadful foi um bocado apressada, mas ainda assim boa. Apesar disso, tem o meu indiscutível episódio preferido da série (A Blade of Grass), escolha nada fácil quando há episódios magníficos como “Closer than sisters” e “The Nightcomers”. Deixa realmente saudades.
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