“Star Trek: Discovery” regressa de hiato determinada. Com a força da criatividade que o twist do final do episódio anterior lhe potenciava, espreme-a com eficácia, deita as cartas na mesa e dá-nos um novo universo para descobrir (ou revisitar, para quem já viu as outras séries do franchise).
Mas antes de embarcarmos por esse universo paralelo, destaquemos a confirmação de uma popular teoria: o Ash é o Voq; o Vop é o Ash. Estando a revelação previamente planeada para este episódio ou tenha a opção passado simplesmente por dar aos fãs a confirmação que eles precisavam, a verdade é que a série não perdeu mais tempo com rodeios e confirma sem reservas que o Ash não é nada menos que o Klingon Voq transformado em humano e infiltrado a bordo da Discovery. As ramificações são imensas, especialmente pela relação que ele desenvolveu com a Burnham, e começam já a manifestar-se. Entre aquelas de maior impacto imediato na história, a primeira vítima mortal na sequência de tal descoberta: Dr. Hugh Culber, que não teve oportunidade para mostrar muito além de ser um determinado companheiro do Paul Stamets, junta-se à lista de personagens que a série descartou cedo de mais. Contudo, a sua saída parece inevitável tendo em conta as circunstâncias (o de se ter tornado uma ameaça à missão do Voq).
Se a revelação em torno do Ash já preencheria suficientemente o episódio, o último salto protagonizado pela Discovery e que a transportou para um universo paralelo trouxe à história ainda mais motivos de interesse. Ainda que a forma como o episódio anterior abordou a questão tornara a reviravolta previsível, a realidade construída revela-se como um mundo de oportunidades. Um regime totalitário, um Império “Terran” já previamente estabelecido em outras séries do franchise, onde o fascismo, o racismo e a xenofobia definem os humanos de um universo que dominam com punho de ferro. Estando completamente fora do seu elemento, e sem ter grandes alternativas para lidar com a questão de forma aberta, cabe à Discovery dissimular-se e imiscuir-se nesta realidade da melhor maneira possível até ao momento em que consiga finalmente voltar a casa. Pelo caminho, que espero que dure um bom número de episódios, alguns obstáculos que põem à prova as personagens. É este um dos méritos da série, o de constantemente desafiar as suas personagens, de as colocar perante dilemas pessoais resultantes das aventuras que vivem ao invés de apenas as colocar a viver aventuras.
São apenas dez episódios, mas pela forma tão rica como se tem apresentado em termos de história “Star Trek: Discovery” parece que já dura há várias temporadas. Neste momento, a expectativa para o que a série ainda reserva não poderia ser mais alta.
Gosto das possibilidades dos universos paralelos mas detesto a forma como as séries as abordam mostrando sempre as mesmas personagens apenas numa outra realidade. Não consigo fugir à incrivel ilógica e baixíssima probabilidade de tal acontecer.
Metam universos paralelos mas mostrem outras coisas pq a grande probabilidade é exactamente as coisas serem completamente diferentes, outras pessoas, outras civilizações, outros estágios de evolução, etc
GostarGostar
Só agora cá cheguei, e tenho de dizer que gostei imenso do facto de pegarem no clássico Mirror Universe para esta história. Só podem sair boas coisas daqui. 🙂
GostarGostar