… E é por isto que “The X-Files”, não desilude!
Certo, não é um episódio magistral, nem x-files vintage. Mas é um muito bom episódio. Já de há muito que tenho a opinião que os melhores episódios da série NÃO são escritos pelo seu criador. Felizmente que “The X-Files” – e mérito para Carter – sempre teve argumentistas de primeira água e que têm sido recorrentes na construção dos episódios, em especial dos monster of the week.
“This” é um monster of the week híbrido. Normalmente estes episódios assentam numa estrutura fechada que raramente têm continuação e que não se insere na mitologia alien. Exactamente por não cumprir a premissa de não se imiscuir na mitologia, sendo um episódio que faz a ponte com a organização secreta que aparece no primeiro episódio é que o podemos considerar algo atípico.
Por um lado, temos o “regresso” de um dos Gunmen. Ou melhor, de uma sua projecção, naquilo que é uma linha bastante provocadora e que tem estado no foco da investigação científica e que assenta no upload do cérebro para um computador, atingindo-se, dessa forma, a imortalidade.
Claro que aqui este avanço científico está ao serviço da tal organização poderosa, inserindo-se numa conspiração secreta de avanços tecnológicos e científicos que é desenvolvida por um conjunto de grandes mentes que vivem na mainframe(?) de um supercomputador.
Apesar de não ser uma abordagem extraordinariamente refrescante (tem vindo a ser tratado noutras séries, assim como no cinema) é um episódio suficientemente competente para não desilustrar da série, e, acima de tudo, muito bem construído misturando acção, conspiração e humor.
Há uma série de tiradas dignas dos melhores episódios de “The X-Files” (“Why do you operate so well with your hands cuffed behind your back?” pergunta Scully a Mulder depois de uma sequência na qual luta algemado “As if you didn’t know”, responde-lhe) e que conseguem disfarçar, distraindo o espectador dos desequilíbrios do episódio e daquilo que é muito pouco coerente.
Aliás, a sequência mais bem conseguida será a do início, com um Mulder e Scully fatigados (e cúmplices) a dormitar no sofá quando são despertados pelo telemóvel e o mais dos inesperados personagens do seu passado (res)surge. Essa sequência é alternada com a chegada de um carro com três ocupantes que remetem o espectador fiel para outros tempos e personagens acentuando a confusão com o misterioso telefonema. Depois, uma sequência de tiroteio e de acção não muito comum nesta série ao som de uma música de batida forte.
De resto, a estrutura do episódio tem uma abordagem à actualidade que já vem da temporada anterior e, mais directamente do primeiro episódio da actual. Podemos dizer que a realidade política chegou ou contamina a série de uma forma que não era habitual em tempos idos. Está presente o desconforto e desconfiança da presidência relativamente ao FBI e as ligações dos seus mais altos cargos executivos à Rússia, transmitindo a ideia cada vez mais acentuada na sociedade americana, de que o Presidente (e os EUA) são cada vez mais permeáveis à Rússia, senão mesmo marionetas na agenda política paralela. E o estranho e que o episódio dentro desta linha narrativa, faz mais sentido…
O final falsamente fechado é inquietante, à boa maneira da série. Conclui-se o episódio, mas fica um sentimento de desconforto do género de “acabou!” seguido de um “Ou será que não?”.
Não partilho da mesma opinião. O episódio teve alguns bons momentos, mas pareceu-me ridiculo noutros…
Vou ter que rever o episódio, posso vir a mudar de opinião 😀
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“The X-Files” estará numa encruzilhada sem saber muito bem se deve agradar às novas gerações ou manter-se unicamente com a base dos “antigos” fãs. A síntese não estará a ter muitos bons resultados… Mas se olharmos para trás, grande parte dos episódios tinham muito de improvável ou mesmo de ridículo, o grande trunfo estava na forma sólida como o compromisso entre os criadores e os espectadores para o suspension of desbelief estava sustentado. Actualmente estará menos…
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