Um episódio cheio de equívocos.
E são muitos os equívocos. Desde logo os que provocam nos espectadores e aqueles que se enquadram na estrutura da história.
Desvende-se logo o grande spoiler do episódio. Mulder e Scully encontram o filho deles (ou de um deles). Ou melhor encontram-no sem o encontrar. Agarrando no grande plot da história do episódio, poderá parecer que estamos num episódio (inesperado) da Mitologia da série. E na realidade é-o apesar do equívoco inicial provocado no espectador quando se estrutura num episódio de Monster of the Week. E julgo que tal foi um erro, pois o tom inicial não bate certo com o resto do episódio (ou o contrário que também é válido) perdendo em termos de fluência.
A partir daqui para poder criticar os pontos fracos e algum desencanto com o episódio, em especial após o muito bom episódio “The Lost Art of Forehead Sweat”, será necessário um massivo revelar dos twists do episódio, sendo um rol de spoilers para o qual se aconselha avançar por conta e risco. De qualquer forma, acredito que por esta altura já todos os indefectíveis da série terão visto o episódio.
Depois é bastante confuso na sua estrutura, parecendo mais querer enganar o espectador do que construir um todo coerente. Não foi só inicio. O monstro do início não é um monstro, antes uma projecção provocada por um jovem que quer enganar as duas namoradas. Uma brincadeira idiota com consequências graves. O jovem parece ser o vilão; não é. Os vilões são agentes de uma qualquer agência governamental relacionada com experiência com extraterrestres. O jovem parece morto, mas não está. O cientista malévolo parece ser centro da investigação, mas não é.
Temos direito a perseguições, imaginativas, é certo, mas que nunca são suficientemente dramáticas e credíveis para criar qualquer tipo de suspense ou incerteza quanto ao seu fim, em virtude dos poderes do jovem que é o centro da história do episódio.
No entanto, nem tudo é mau. Aliás o episódio não é mau, limita-se a ser indiferente, tendo demasiadas histórias para serem contadas apenas num episódio de 41 min. Valeu pela explicação de algumas pontas soltas, e por revelar afinal quem é e o que tem o jovem William. Também o final se revela um bem estruturado twist, embora – lá está – volte a assentar em mais um equívoco.
Mas o principal mérito do episódio é Gillian Anderson, aka Scully. A actriz teve aqui a oportunidade de revelar todos os seus dotes dramáticos, numa longa sequência tocante, talvez das mais tocantes e complexas dentro da série. A actriz evoluiu muito ao longo dos anos, sendo de longe (de muito longe) aquela que melhores dotes tem no elenco principal da série. E isso até é um problema, por paradoxal que pareça, pois fica por demais evidentes os desequilíbrios dramáticos.
Uma nota final para o realizador/argumentista do episódio, um dos veteranos criadores da série. Também por isso se esperava mais.
O destaque do episódio vai para a Gillian Anderson, como ela evoluiu ao longo dos anos… Já em Hannibal tinha demonstrado um amadurecimento enorme (ainda não vi The Fall).
Foi um episódio a meio gás, com pouco tempo para desenvolver a história do William.
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