O “Estreias em Linha” é uma rubrica que permite acesso imediato, sem conversa nem spoilers, a opiniões incisivas sobre as novas séries que estreiam esta temporada. Todas as semanas, classificaremos cinco. Esta semana, destacamos “1986” (RTP1), “Deception” (ABC), “For The People” (ABC), “Life Sentence” (The CW) e “Rise” (NBC).
Ao pretender ser uma série de referência para a geração dos 80’s, acaba por ser uma série que em primeiro lugar é de referência para um público que cresceu em Lisboa/Benfica, em segundo lugar nas cidades e muito pouco fora dos meios urbanos. Nada de mal nesta realidade e opção narrativa. Seria complexo algo de diferente e resultaria mais híbrido do que este piloto resulta, mas não será tão identificativa da geração quanto poderia ser (e diz ser). Tenho a sorte de ter crescido entre dois meios, num vai e vem entre uma aldeia de Ovar e de um bairro quase familiar de Lisboa, para perceber que os anos 80 estão longe, muito longe, de ser o que aqui está retratado.
A verdade é que nada tinha-me preparado para o chorrilho de disparates deliciosos que este episódio-piloto nos aparenta como antecâmara da série! Juro que é inacreditável tudo aquilo que a série nos oferece, muito melhor do que estaria à espera! Muito melhor, no pior sentido entenda-se.
“Rise” respira FNL em termos de valores de produção, com uma estética (o modo de filmar, a fotografia) semelhante, que lhe potencia o sentimento a realismo, mas a maioria do conjunto de personagens apresentadas sente-se como pouco natural, demasiado refém de uma plastifiscação que parece inerente a histórias que se foquem no mundo do showbiz, mesmo que o meio artístico seja a nível amador (como é o caso). Com o tempo, caso este lhe seja concedido, existe aqui margem para progressão nesse sentido, desde que a série se consiga libertar das (legítimas) comparações a “Glee”, porque a série de Ryan Murphy tinha outro tipo de objectivos, e trilhe um percurso onde o mundo do espectáculo seja cenário, tal como o futebol-americano o era em FNL.