Pilot Season: Trust (FX)

O texto que se segue NÃO CONTÉM SPOILERS

O FX parece apostado em auto-proclamar-se como o canal das séries de antologia que exploram o mundo das famílias que controlam o mundo (também conhecidos como milionários, multi-milionários ou bilionários) e cuja marca na história além dos sucessos empresariais parece sempre recair em caricatos episódios de crime, sexo e drogas. Desta feita, com a contribuição da dupla de “Slumdog Millionaire” (Danny Boyle na realização e Simon Beaufoy no argumento), convidam-nos para um périplo pelas excentricidades da família Getty, onde Donald Sutherland pisca o olho ao segundo Emmy e Brendan Fraser e Hilary Swank (apesar desta não ter entrado no piloto e o primeiro ter tido pouco tempo de antena) encontram um veículo para recuperar as carreiras.

O fascínio pela vida alheia parece característica genética propagada entre o povo e quando se trata da vida da aristocracia, dos “ricos e famosos”, essa veia bisbilhoteira ainda se revela mais. É por isso que as revistas denominadas cor-de-rosa e os reality shows são tão populares. E quanto mais polémica for a informação veiculada, melhor.

Naturalmente, isto extravasa para a ficção. Há que dar às audiências aquilo que elas procuram e “Trust” é uma das mais recentes apostas nesse sentido. A diferença, contudo, é a forma e a abordagem. Feita por mãos mais reféns do populismo e a história da família Getty facilmente cairia em enredo de telenovela.

Os ingredientes estão lá todos: um dos homens mais ricos do mundo, cheio de taras e manias e desiludido com os seus herdeiros, as suas quatro mulheres e a luta por atenção de cada uma delas, os filhos e os problemas de sempre relacionados com o facto de serem uma desilusão para o pai e o neto que surge como o farol para herdar o império, mas que acaba por se revelar tão desapontante como os demais.

Beaufoy e Boyle, no entanto, estruturam a história em forma de biopic sóbrio, onde mais que os episódios caricatos se sente a angústia de um homem que tendo tudo acaba por não ter nada. E todo esse desencanto (bem como também nalguns momentos de felicidade efémera) reflecte-se tão naturalmente no rosto de Sutherland que este é provavelmente um dos melhores papéis da sua carreira. Só por isso, “Trust” já vale a pena.

Um pensamento em “Pilot Season: Trust (FX)”

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