Breves apontamentos e reflexões sobre a actualidade televisiva.
O Bom
March for our Lives
Em Portugal não demos um grande destaque ao acontecimento marcante que ocorreu a semana passada nos EUA. Falo de “The March for our Lives” mega-manifestação de protesto organizada e participada por milhares de alunos, professores e pais na sequência do massacre (mais um) na Florida.
Isto num país no qual é tão fácil comprar uma arma (de qualquer tipo) como uma Coca-Cola, permitido por uma lei do séc. XVIII. As imagens foram impressionantes. O sentimento de orgulho pelo que um grupo de adolescentes está a cosenguir fazer do ponto de vista político (sobre o olhar assustado de muitos conservadores)é um sinal de que os tempos estão a mudar.
A temporada de “The X-Files”
Pesados os prós e os contras creio que valeu bem a pena. Bem melhor do que a temporada da ressurreição. Uma demonstração de que, por vezes, a recuperação de séries – ou revival – não vive só da nostalgia, podendo ter substância e contribuir para o aprofundar da mitologia. Assim foi a temporada, respeitou o passado, deu passos no futuro, sempre d olhos no presente.
Espero que Gillian Anderson reconsidere, pois a série ainda tem algo para dizer e algumas coisas para dar.
As estreias de Março
Como se esperava “The Terror” e “Trust” dão cartas e merecem o seu visionamento. O ZB já deu a sua opinião sobre “Trust”, eu só acrescentaria uma questão: até que ponto estamos a ir a casos reais do passado, para questionar a solidão e o (híper)mediatismo que estamos a viver na actualidade.
A merecer uma visita, também “Barry”. E não se esqueçam de “Deception”, a melhor pior série do ano.
O Mau
Os jogos da Selecção Nacional de Futebol
Pelos resultados sim. Pela exibição, também. Mas principalmente pelo destaque mediático que tiveram, com promos e horas de pré e pós match debatido pela plêiade de comentadores desportivos do costume (e atenção que neste último aspecto as coisas estão a melhorar lentamente, excluindo os programas com diversas encarnações de insulto-debate dos três estarolas).
A ser assim agora, como será aquando do mundial?
O Vilão
Os reality shows
Posso estar a cometer injustiças. Estarei de certeza absoluta. Mas o que se tem passado nestes programas, deixa-me com pele de galinha. Recentemente (ontem, no “Crónicas”) falei sobre um programa específico e o seu impacto no país de origem. É demasiado mau aquilo que se passa neste tipo de programas. Cada vez que visito um por alguns minutos, tenho caibras nos olhos de tanto os arregalar. Aquilo que se passa defronte de nós é o grau zero da indigência intelectual e a superficialidade banalizada à inconsequência humana.
Não percebo nem a vertigem pela fama, nem a voragem pelas misérias alheias.
Não defendo a sua extinção, nem a censura à antiga, antes defendo uma auto-censura imposta pelos limites éticos do respeito pelo individuo e pela sua privacidade sem a desculpa do artificio legal do consentimento.