Um piscar de olhos ao futuro.
Mas demasiado forçado. O fio condutor do episódio é um daqueles aparelhos (ou mais modernamente gadgets) as maravilhosas câmaras de vídeo, uns cachuchos gigantescos que davam um estilo do caraças e que na altura custavam para cima de duzentos contos (tradução para os millenials ou todos os outros semiamnésicos: para cima de mil euros). Com aquelas mágicas máquinas todos nós eramos uns Spielbergs em potência. Pena o preço que a tornavam proibitiva para todos. Principalmente para colocar nas mãos de adolescentes. Mas vá lá, entende-se que era necessário que aquele brinquedinho aparecesse.
O piscar de olhos ao futuro de 1986 (e ao presente de 2018), é feito com uma espécie de reality show feito na escola, com a recolha de testemunhos e de situações que ocorrem. Será demasiado forçado, mas enfim, serve de pretexto para a aproximação entre os dois protagonistas/potencial par amoroso, que já todos sabemos que sim que no final, à boa maneira dos filmes adolescentes de John Hughes daquela década o tipo aparentemente banal fica com a miúda gira.
Mas o foco neste episódio não é apenas neste par amoroso, que rapidamente se torna num triângulo amoroso de equívocos, com o bully engatatão lá do sítio. Marta tem um papel de destaque, focando-se a história nas limitações que um pai conservador impõe à sua filha delineando o seu futuro, catalisando a rebeldia que se manifesta nela. E aqui está um dos problemas pois é uma rebeldia demasiado fugaz.
Percebemos também para que serve a rádio pirata na série. Não é só uma manifestação de liberdade e criatividade daquela geração. Para a Marta é uma porta aberta para a conquista dos sonhos do seu futuro, assim como o verdadeiro acto de rebeldia para com o seu pai.
De relevante temos ainda o foco em dois adultos: o pai de Tiago, o comunista que ouve música de Zeca Afonso, e da setôra de Português. Do pai de Tiago já sabemos ser idealista, sanguíneo e solitário. Da professora sabemos ser idealista, culta e adorada pelos alunos. Vai daí, que os nossos três protagonistas nerds acham que ela seria a mulher ideal para o pai de Tiago e toca de brincar aos cupidos envergonhados.
Só que o destino se encarrega de fazer com que os dois adultos se encontrem. Quando um endinheirado homem procura a professora à porta da escola e os dois discutem, percebendo-se que os dois estiveram envolvidos no passado, numa relação que não perece ter sido muito feliz, e Eduardo, o pai de Tiago, se aproxima para tentar colocar cobro à discussão.
E pronto, ao quarto episódio, com mais ou menos atribulação, com mais ou muito mais destaque musical dos eighties, já todos sabemos como irá terminar a série.
Esta é que é a (TV) Realidade.