Um episódio cheio de sangue.
Para um fã como assumidamente sou, é bom ver que a série continua a refrescar-se, não tendo medo de assumir novas referências, novos argumentistas e adaptar-se aos tempos. Este episódio é um exemplo disso mesmo, sem nunca perder as referências que tornaram a série mítica.
O sangue jorra aqui a rodos, assim como os twists e as referências a horror movies, e mesmo alguma homenagem ao bom e velho cinema, nomeadamente com uns ecos de “Sunset Boulevard”.
Aquilo que parecia ser um episódio sobre tráfico de órgãos humanos, rapidamente desemboca num caso de uma justiceira que procura proteger o seu bairro/irmã (confesso não ser aqui muito claro) utilizando metáforas católicas na sua acção de justiceira.
Só que à medida que Mulder e Scully se vão envolvendo vamos percebendo que o episódio afinal é sobre um culto religioso que ambiciona a vida eterna, com uns laivos de vampirismo, mas que afinal (sim, outro twist) mais não é do que canibalismo. E com um cientista louco, na linha de “The Centipede” e uma mulher autoendeusada lunática que ambiciona a vida eterna.
Ela, o centro-Deusa do culto é uma ex-actriz dos anos 70 (e tão jovem hoje como naquela altura) com ambições a estrela que o nunca conseguiu e vive num mundo imaginário de grande estrela em reclusão. Ele, o cientista apaixonado, descobriu a fórmula da vida eterna. Uma fórmula dolorosa que implica a morte-sacrifício, um batido de órgãos humanos e uma vida na qual ciclicamente têm que drenar de forma cirúrgico-siamesa a vida de outros humanos, daí a necessidade dos seus jovens fiéis.
E, curiosamente, num episódio que se foca na imortalidade, este é também um episódio no qual Mulder se debate com a sua mortalidade e envelhecimento em alguns apontamentos que fazem sorrir.
E o final, íntimo e secreto como poucos episódios o foram…
Estranhamente acaba por ser um episódio muito divertido.