Onze meses de espera e, no regresso, “The 100” espalhou-se. Depois de quatro temporadas com a capacidade para se reinventar internamente – inteligência artificial, sub-mundo em Mount Weather, uma luta pelo poder entre clãs e, claro, a chegada e adaptação em modo sobrevivência ao planeta na temporada inicial -, a série de Jason Rothenberg parece ter ficado encurralada numa esfera onde não haverá outra hipótese que não reciclar tudo o que já foi feito, mas desta feita com novas localizações, heróis e vilões.
“Eden“, nome do episódio e clara alusão bíblica ao jardim onde a vida foi criada (e que neste caso serviu de mira para um grupo de prisioneiros espaciais aterrar), pouco ou nada acresce ao preview que tinha sido dado nos instantes finais da temporada passada, conferindo apenas uma contextualização à relação entre Clarke e Madi, uma criança que afinal não é filha da nossa heroína como muitos previram – ou desejaram – mas sim uma Nightblood que sobreviveu à Praimfaya. Mas mesmo essa caracterização relacional arranca aos soluços entre as desventuras de uma mulher sozinha no planeta, sem química alguma ou qualquer tipo de momento-chave que conquiste ou convença a razão, e porque não, o coração do espectador. E, do nada, eis que surge um salto temporal de seis anos, mal arranhado e enfiado a papo seco, que traz Clarke e Madi amigas e confidentes, naquele que foi provavelmente o melhor e mais inesperado momento desta estreia: sem escrúpulos nem contemplações, Clarke despacha com um tiro na cabeça um prisioneiro que até parecia ser simpático.
Madi: “Wait. He tried to help me. I think he might be a good guy.”
Clarke: “There are no good guys.”
Nos últimos quinze minutos voltamos ao espaço, onde Raven, Bellamy, Murphy, Monty, Harper, Emori e Echo passam o tempo à espera de um milagre. Que acontece, claro. Antes disso, meia década resumida a um casal apaixonado, um em rotura e outro em construção. Sim, o que seria de “The 100” sem estas telenovelas adolescentes. Vá lá que a Raven ganhou juízo – o mesmo não se pode dizer de Murphy, eterno anti-herói desta saga, aqui com o melhor comic relief deste regresso:
Murphy: Or its manned by aliens who prefer anal probes to radios.
Tudo somado, não foi assim tão mau quanto pintei de início. Mas as expectativas eram altíssimas e foram claramente defraudadas; porque, no fundo, a narrativa andou cinco minutos para a frente e tudo o resto foi pura contextualização do que aconteceu neste hiato entre temporadas. O que não é obrigatoriamente mau – antes agora que mais tarde – mas quando feito com pés e cabeça, talento e imaginação. Apenas para justificar quem é quem e qual o ponto de situação entre personagens, mais valia terem deixado tudo isso em aberto. Esperemos que o próximo episódio, também de mero background do que aconteceu durante aqueles anos no bunker, seja bem mais complexo.
Nota: Carlos Reis é um dos co-autores do “As Mamas da Clarke”, um spinoff do podcast “Nas Nalgas do Mandarim” sobre cada episódio da quinta temporada de “The 100”, publicado todas as sextas-feiras às 23:00 nas mais diversas plataformas de podcasting, bem como no YouTube.
Ansiava por este post. Não tinha a certeza se iam analisar The 100 e eu preciso muito de falar sobre The 100.
Expliquem-me tudo. De onde é que apareceu esta nave? De onde é que vieram estes “prisioneiros”? Em 4 temporadas alguma vez foram referenciados? E no terceiro episódio a coisa ainda “piora” no que a perguntas diz respeito.Falem comigo!!!!!!
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Olá Pedro, cá estaremos para acompanhar a temporada. Não, a nave nunca tinha sido referida no passado e foi a “invenção” dos criadores no season final passado para renovar a “storyline”. Episódios 2 e 3 nos próximos dias aqui no TVD. Um abraço!
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Espero que a série dê respostas a tudo isto. É que não faz sentido algum
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Regresso bem ameno, esperava mais desenvolvimento, mas pode ser que melhore no segundo episódio. Por força das circunstâncias comecei já a 5ª temporada de The 100, ao invés de The Handmaid’s Tale ou Westworld, espero não me arrepender 😀
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Muito bom o podcast, agrada-me esta colaboração 😀 A season 2 também é a minha preferida.
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Obrigado rmso85! A segunda temporada dificilmente será igualada.
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Não sei se por começar apenas mais tarde ou por estar já em pleno desespero de férias e precisar de um bom descanso, mas gostei deste início. Sim, não traz nada de muito novo, apenas um recap dos últimos anos, mas honestamente, The 100 nunca foi série que tivesse muito problema com isso. Continuo gostar, e a apostar que ainda nos vão surpreender, como têm feito até agora.
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