“Westworld” ou anúncio televisivo da Playmobil?
A batalha de Fort Forlorn Hope – chamemos-lhe “batalha” à falta de melhor termo – chega a ser dolorosa de testemunhar, não pela violência que por norma caracterizaria uma cena de guerra mas sim por uma certa apatia que exibe no seu curso. Uma realização confusa, amadora, sem um qualquer crescendo em escala, que se limita a enquadrar uma troca de tiros entre anónimos e outros tantos de igual importância. Assim é a segunda temporada de “Westworld”, um desfile de morte que fecha os olhos a quem quer que se proteja com estatuto de personagem. Um facilitismo nesse recurso ao irreversível que procura vender a ideia de um jogo agora real. É suposto o espectador adquirir a dita mentalidade sem sentir realmente que as novas regras se aplicam a toda e qualquer personagem? Pegue-se no recém-formado grupo de Maeve (Thandie Newton) como exemplo. Todos regressam, intocáveis por um massacre que não os contempla, numa ilustração de comic-relief que em nada contribui para a sensação de que a fasquia agora é outra. Já para não falar de reencontros em catadupa sem que se tenha em conta a imensidão do espaço geográfico.
Algo de errado se passa com esta segunda temporada. Na verdade, inúmeros os factores que contribuem para um gradual sentimento de frustração que entra em conflito com o fascínio nutrido pela temporada de estreia. A conexão emocional entre espectador e personagem é praticamente nula. Na primeira temporada havia um desequilíbrio na balança do poder, fazendo-nos direccionar a empatia para vítimas bem demarcadas como tal. Agora que todos – humanos e wannabes – se orientam pela área do cinzento, é preciso caracterizar as personagens para lá do que outrora sofreram na pele. Ao invés, fazem-se destas autênticas caricaturas, num desfile de posturas e proferir de frases oriundas de lugares-comuns – “Love to say hello, but we’ve gotta run.” Cada vez mais ausente um quê de orgânico nos diálogos. No que diz respeito aos andróides é fácil de compreender um certo ritmo “artificial” nas ditas falas, não fossem as mesmas pré-programadas. O mesmo não se pode aplicar aos seres de origem humana. Basta atentar à cena inicial do episódio – a introdução do novo parque – para se descortinar um certo exibicionismo na troca de diálogos. Um perfeccionismo sem lugar de ser, que só vem a corromper ainda mais uma qualquer ligação emocional. A partir do momento em que se presta atenção a todos estes maneirismos e fragilidades narrativas, torna-se penosa a experiência “Westworld”.
Depois de uma primeira incursão ao mundo exterior, “Westworld” volta a alargar os seus horizontes com a introdução de um novo parque. Descabido pensar na nova personagem como filha de Theresa Cullen (Sidse Babett Knudsen)? A postura corporal, uma frase-chave – “You certainly look like…” -, remetem-me para a ínfima possibilidade. Independentemente de ter ou não sido uma boa apresentação – saudades de como “Lost” tão bem introduzia novas personagens em jogo -, há que louvar a série pela prontidão de se alargar em escala tão cedo no seu percurso. Ao fim de 13 episódios, já há um confluir de parques que pode trazer de volta o interesse momentaneamente adormecido.
Penso que o estilo de diálogo da tal cena inicial foi mesmo propositado para te deixar na dúvida se eles eram androides ou humanos.
Não gostei nada de ver a Dolores “esquecer” o plano que tão detalhadamente elaborou por causa daquela cena com o “pai”…
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Doloroso de ver…
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Concordo contigo, este foi o pior episódio da série… A batalha deixou muito a desejar, tudo pareceu demasiado fácil, para além de surreal, parecia quase uma daquelas batalhas em que se formam duas linhas e desata tudo a correr na direção dos inimigos, com a “pequena” diferença no tipo de armas utilizadas (armas de combate corpo a corpo vs média/longa distância)…
Aspetos positivos? A introdução de dois parques novos 😀
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Fiquei mesmo embaraçado a ver aquela “batalha”, das coisas mais ridículas que tenho visto.
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