Pilot Season: “The Purge” pede para ser purgada da TV

O texto que se segue NÃO CONTÉM SPOILERS

O episódio-piloto de “The Purge” faz o que lhe compete: expõe a sua realidade (alternativa), dando a conhecer a quem não viu qualquer um dos quatro filmes aquilo que a diferencia daquela que conhecemos, onde existe um dia onde durante 12 horas se podem cometer todo o tipo de crimes, e apresenta as suas personagens, as pessoas que nos propõe seguir neste dia tão peculiar. Mas não só fá-lo sem alma nem carisma, deixando-se fazer refém do recontar de uma história, onde a única inovação parece ser quase que inspirada numa determinada série do Hulu bastante popular por estes dias, como desperdiça a oportunidade de aprofundar o universo por si criado.

O franchise “Purge” tem como premissa uma realidade onde, nos EUA, foi criada uma lei que permite, a qualquer pessoa interessada em participar, um dia por ano para cometer as maiores atrocidades, incluindo assassinar quem entender da forma mais atroz que lhe apetecer. E mesmo quem não queira cometer tais actos de violência extrema encontra-se sujeito às mesmas circunstâncias, cabendo a cada um defender-se, a si e aos seus, da melhor forma que conseguir. São filmes (dos quais vi 3 em 4 existentes) assentes numa forte crítica à sociedade norte-americana, uma nação dividida pelo uso de armas e onde a violência social é constante, onde durante cerca de 1h30 (por cada filme) se acompanha a luta pela sobrevivência e os obstáculos morais que tais circunstâncias despoletam nas mais variadas personagens.

O problema com “The Purge”, a série, pelo menos a julgar pelo primeiro episódio, é que James DeMonaco, o criador da saga, parece mais interessado em fazer o mesmo filme mas com dez horas de duração ao invés de 1h30, desperdiçando completamente a oportunidade que o meio (a televisão) proporciona em termos de ficção, onde teria à sua disposição uma excelente ferramenta para explorar os contextos sociais, políticos e culturais que tal lei implicaria numa sociedade, dando às personagens uma textura extra-violência onde os seus actos e as suas experiências poderiam ser examinados com uma profundidade que a duração limitada de um filme nem sempre permite. Em vez disso, opta por ser mais do mesmo, o de simplesmente mostrar pessoas (ainda por cima pouco interessantes, a julgar por este piloto) sujeitas a actos de violência extrema e as suas reacções, dilemas morais que parecem inconsequentes para os restantes 364 dias do ano.

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