O Bom, o Mau e o Vilão: Não, não é “…and I wil always love yoooooouuu”, mas sim Socorro, estou preso no trânsito

Breves apontamentos e reflexões sobre a actualidade televisiva.

O Bom

Trial & Error, um julgamento positivo

Há pequenas séries que passam (quase) despercebidas neste megauniverso televisivo. Não por serem desinteressantes, mas porque no meio de tanta oferta e de tanto mediatismo de algumas séries estas acabam por tudo canibalizar.

O reino das sitcoms é um desses. Todos estamos focados em quatro ou cinco sitcoms, muitas estafadas, e quase não temos tempo ou vontade de as experimentar. E quando as experimentamos, por vezes esquecemo-nos delas. Aconteceu comigo com uma muito decente sitcom estilo mockumentary, nomeadamente “Trial & Error”. Uma série que acompanha duas equipas de advogados, os de acusação e os de defesa, num processo de acusação/defesa/investigação de um hediondo crime, numa muita estranha cidade.

Não é uma série extraordinária, mas faz (fez) rir um pouco e sorrir muito, com alguns disparates totalmente improváveis, mas os quais conseguimos reconhecer como desconstrução das irmãs mais velhas e muito mais sérias.

Fui surpreendido com uma segunda temporada, que vou vendo, e que continua a ser muito, mas muito divertida.

Merece a pena que a espreitem, até para desenjoar para aquilo que se faz no main-mainstream.

As promessas salivantes que se sucedem

Tenho falado aqui neste cantinho do “Bom” de algumas séries que ainda não foram exibidas, mas que são baseadas em livros da minha predilecção e para as quais tenho expectativas altas.

Assim, de repente, lembro-me de duas: “Catch 22” e “Foundation”. Fui/fomos recentemente brindados com uma nova adaptação de novelas (e jogos), de origem polaca, mas de grande sucesso e inúmeros fãs. Claro que é “The Witcher”.

Gostaria muito que estas séries e promessas não fossem parar a um “Mau”!

Não, não é “…and I wil always love yoooooouuu”

Espreitei “Bodyguard”, uma série britânica que está a ter um impacto muito grande naquele país. Confesso que inicialmente não dei muita atenção, pois o meu cérebro pensou ser alguma coisa dentro daquilo do Kevin Costner e da Whitney Houston, feitos nos idos de 1990. Enganei-me. É algo muito, muito, muito melhor, extremamente actual e a merecer ser visto.

E por falar em merecer ser visto

E por falar em tempos actuais e a ser visto. Que tal repescar ou ver “House of Cards”, pondo de lado a questão me too do Kevin Spacey???? É que a série é o retrato perfeito destes tempos perigosos do laranjinha Trump.

 

O Mau

Socorro, estou preso no trânsito

Há algo na televisão que me incomoda e causa grande perplexidade. A obsessão em ter um segmento de trânsito. “Ora, vamos lá ver o trânsito a Lisboa/Porto”, ou aquele grafismo com os sinais verdes, amarelos e vermelhos para dar conta do tráfego nas principais vias de Lisboa e do Porto.

E porquê? Primeiro porque a maior parte das pessoas que vê televisão, não é nem de Lisboa, nem do Porto. Dos dez milhões de portugueses a habitar esta rotunda à beira-mar plantada só uns dois milhões poderão, potencialmente, ter interesse naquela informação.

Em segundo lugar, porque a informação não é útil para quem já está na estrada e preso no engarrafamento. Terceiro, porque quem está na sua casa em Lisboa ou no Porto, não precisa daquela informação para nada, pois presumivelmente ou só sairá após a hora de ponta, ou só vai até à rua, ou fica em casa no ripanço do seu sofá a ver a Praça da Alegria.

Assim, fica a questão: a quem serve este segmento?

 

O Vilão

O verão televisivo que se repete

E pronto, encerrou-se o capítulo canibalesco e voyeurístico do acompanhamento overdosíco daquilo que se passou no Sporting CP. Foram incontáveis directos do estádio de Alvalade, da Academia, da esquadra de polícia, do tribunal, dos pavilhões onde se realizaram as Assembleias Gerais. Foram horas de debates esclarecedoramente confusos de inúmeros especialistas. Foram inúmeras entrevistas a imparciais e profundos adeptos junto às portas do estádio. Com as eleições, tudo indica que o interesse desapareceu e só voltará a emergir pontualmente com as declarações do ex-presidente ou com os resultados dos julgamentos e, claro está, com o resultado dos jogos que ditarão o ressurgir ou não de novas crises.

Só que a comunicação social é voraz na sua necessidade de se alimentar do imediatismo daquilo que pensa ser mediático. E já tem outro alvo. O SL Benfica.

Prevejo a mesma receita para as próximas semanas: incontáveis directos do estádio da Luz, da Academia, da esquadra de polícia, do tribunal, dos pavilhões onde se realizarão as Assembleias Gerais ou sessões de esclarecimentos para os sócios. Horas de debates esclarecedoramente confusos de inúmeros especialistas. De inúmeras entrevistas a imparciais e profundos adeptos junto às portas do estádio.

Enfim uma receita infalível para encher chouriços e atrair imaginárias multidões de espectadores/adeptos, uns que se chocam outros que rejubilam com a desgraça alheia.

Eu, adepto portista, acho tudo isso degradante, desnecessário e pouco interessante. A justiça deve ser deixada a agir. Deve ser escrutinada, claro. Não se pode é confundir escrutínio com justiça mediática e popular.

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