“There’s only one thing I’m interested in, and that is catching bent coppers”.
Séries policiais há para todos os gostos e feitios: dramas, comédias, thrillers ou com teor sobrenatural, com episódios da semana ou com história continua, não há quem não tenha uma ou duas destas séries entre as suas listas de favoritos. Este ano, a britânica “Line of Duty” entrou directamente para a minha lista.
O primeiro episódio já tinha sido visto quando a série estreou, em 2012, mas por uma razão ou outra, acabou por ficar de lado durante seis anos depois. Até que, quando surgiu oportunidade, foram devorados, de uma assentada, os 23 episódios que constituem as primeiras quatro temporadas.
Criada por Fred Mercurio, a série acompanha os detectives da AC-12, uma equipa de anti-corrupção, que investiga diversos suspeitos dentro das forças policiais britânicas. Ao longo das temporadas, acompanhamos os detectives DS Steve Arnott (Martin Compston) e DC Kate Fleming (Vicky McClure), supervisionado pelo Superintendente Ted Hastings (Adrian Dunbar), que procuram desvendar casos em que a idoneidade dos polícias está em causa. Cada temporada é dedicada a um suspeito principal, tendo já passado pela série nomes sonantes como Lennie James e, mais recentemente, Thandie Newton, e apresenta uma uma história relativamente auto-contida. No entanto, e aquilo que a torna cativante, é o facto de haver, na verdade, um ponto de ligação entre várias temporadas, com personagens recorrentes e tramas que se vão encadeando. Quando começamos a primeira temporada e vemos a investigação a Gates, que parece mais do que clara, não imaginamos que a série ainda irá dar muitas voltas e revelar-nos segredos escondidos sobre as personagens mais insuspeitas. E quando chegamos ao culminar do arco na terceira temporada, depois de muitas reviravoltas e cliffhangers, torna-se claro que esta é, realmente, uma daquelas séries que vale a pena ver.
Mas porque nem só de reviravoltas se faz esta série, outro dos aspectos que a marca é a forma como não se esquece mostrar os pormenores menos cintilantes da investigação. Em “Line of Duty” não temos laboratórios reluzentes nem investigações forenses que desafiam a realidade, (quase) não temos perseguições desenfreadas, tiroteios selvagens nem prisões espectaculares. Temos, no seu lugar, papelada – muita papelada. Temos sistemas que se recusam a funcionar, protocolos a seguir e gravadores monocórdicos em salas de interrogatório claustrofóbicas. É, aliás, nos interrogatórios, que a série mais se destacada, onde este drama mostra todo o seu esplendor. É nestes interrogatórios que ficamos agarrados ao ecrã a ver se o bandido finalmente será apanhado, e onde também conseguimos ver os investigados a darem a volta, desviando toda a atenção (e a culpa) para os investigadores. É no interrogatório que a série mais se destaca, e a razão pela qual esperarmos, ansiosamente, pelos novos episódios, que chegam já em 2019.
Por vezes pode demorar anos para reencontrarmos uma série que foi ficando para trás. Mas como se prova com “Line of Duty”, nunca é tarde para descobrir a nossa próxima série favorita.